Guilherme

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De caixa a caixa

08/06/2009 22:39

A derrota do Flamengo para o Sport na 5ª rodada do Brasileirão foi das coisas mais impressionantes que aconteceram no ano dentro de um campo de futebol. A vantagem alcançada pelos dois gols de Emerson antes de o relógio anunciar dez minutos de peleja até poderia ser considerada normal quando se leva em conta o frangalho psicológico e emocional em que se encontra o Leão. Some-se a isso a estreia de um novo treinador, um caldeirão que perdeu a sua mística e um tabu de nove anos sem vitórias pernambucanas sobre o Fla e temos aí um resultado até que plausível, apesar de meteórico.

 

O caldo, porém, desandou. Com um desempenho defensivo que beirou o patético, o Urubu engoliu em oito minutos o mesmo número de gols que havia sofrido nas quatro partidas anteriores pela competição. Não houve quem escapasse de uma falha, nem mesmo o impecável Ronaldo Angelim, o Vidic do agreste, que trocou as pernas e deixou a bola rolar mansa para Weldon no tento de empate dos donos da casa. Ao fim do primeiro tempo o jogo já era outro, e o Flamengo não se recuperou do baque. A pergunta que inevitavelmente vem à cabeça (à minha, pelo menos) é: estivesse Kléberson em campo, o destino teria sido outro?

 

Ele tem o poder de mudar a história

 

Já falei e pensei muita bobagem sobre futebol, e essa que vem a seguir pode ser mais uma delas, mas arrisco dizer que Kléberson é o mais próximo que temos no Brasil daquela agonizante posição chamada box-to-box midfielder, literalmente o “meia de caixa-a-caixa”, sendo as “caixas” as grandes áreas. Jogadores deste tipo são cada vez mais raros no esporte bretão hoje em dia devido à proliferação de esquemas com duas linhas de meio-campo em lugar de uma só, como é no 4-4-2 clássico, por exemplo. O excelente Jonathan Wilson fala melhor disso, e recomendo fortemente a leitura de seu blog.

 

O que interessa aqui não é a triste sina dos box-to-box midfielders, mas sim Kléberson e sua importância para o Flamengo. É característica dos BTBM (é uma sigla estúpida, mas enfim) a capacidade de apoiar o ataque e a defesa igualmente bem, realizando efetivamente o trabalho de dois atletas e concedendo uma teórica vantagem numérica. O esquema adotado por Cuca no Flamengo exige um deslocamento massivo dos jogadores, de modo que o time possa chegar inteiro tanto ao ataque quanto à defesa, o que efetivamente acontece. Para isso, porém, precisa de um ponto de equilíbrio, que encontra justamente no pentacampeão. Experiente, rodado, versátil e dotado de técnica acima da média nacional, Kléberson é a sustentação rubro-negra.

 

"Vem pras caixas você também!"

 

Convocado para a seleção, e merecidamente, o BTBM (ou quase isso) desfalcou a equipe. Resultado? O brilho sumiu. Para compensar a perda defensiva, Williams e Toró ficaram amarrados à intermediária, mas nenhum dos dois possui o talento de Kléberson para o desarme ou a saída de bola. Daí o excesso de faltas naquele ponto do campo, duas das quais resultaram em gols adversários. A cobertura dos avanços de Juan e Léo Moura ficou deficiente, e foi pela avenida na direita que saiu outro gol do Sport. Ibson perdeu seu parceiro na armação e os alas tiveram que se ocupar também desta função, o que se revelou infrutífero quando o jogo se equilibrou.

 

Não há no elenco flamenguista um jogador capaz de fazer o que Kléberson faz. Mesmo entre os boleiros brasileiros em atividade é difícil encontrar alguém. Hernanes e Ramires, os que mais se aproximavam disso, foram transformados em meias. Lucas e Anderson estão tentando se adaptar à função em seus clubes, mas o primeiro tem a concorrência de um dos melhores jogadores do planeta e o segundo ainda peca em alguns pontos. Elano chega perto, mas joga mais pelos lados. A convocação de Kléberson foi surpreendente quando anunciada, mas, depois que a informação assenta um pouco, é compreensível. Ter um jogador assim no elenco é importante. Pior para o Flamengo.

Més que un club

27/05/2009 22:45

Venceu o Barcelona, e com ele venceu o futebol. Os defensores do defensivismo estavam com a língua coçando para criticar Guardiola e sua trupe. Só esperavam uma derrota dos Blaugranas para pregar o fracasso do esquema tático do jovem técnico e, consequentemente, a prova cabal de que jogar para dar espetáculo não compensa. O Manchester United, se não é um exemplo de defensivismo, é um exemplo de rigor tático, uma das taras dos teóricos do futebol “eficiente”, de “resultados”. Claro que o Manchester não tem nada a ver com isso, mas, simbolicamente, a vitória inglesa era menos desejável do que a catalã. E o triunfo do Barcelona provou, mais uma vez, como o Barcelona sempre faz, que futebol é encanto, e que o encanto ganha jogo.

Aliás, foi justamente o “Dunga que deu certo”, como podemos nos referir a Guardiola, que deu contribuição inestimável ao resultado. Uma das fraquezas do Man U, da qual eu me perdoo por ter esquecido no post anterior por ser de muito rara ocorrência, é jogar atrás no placar. Foi assim contra o Liverpool, nos acachapantes 4-1 sofridos em Old Trafford. Os mancunianos não têm suficiente poder de superação para reverter uma situação desfavorável, exceto quando aparece um deus ex Macheda, digo, machina. Como não era o caso, marcar primeiro, e de preferência cedo, era fundamental para o Barça. Eis que brilha a estrela de Guardiola.

O ex-capitão culé inventou de trocar o posicionamento de Messi, fazendo o argentino assumir a função de Eto’o como centroavante e passando o camaronês para a ponta direita. Demorou dez minutos para a bola chegar nos pés do ataque do Barcelona, mas, quando chegou, evidenciou-se a confusão na defesa do Manchester causada pela mudança. Com o miolo da área congestionado, Eto’o passou livre pelas costas de Evra, recebeu de Iniesta, cortou Vidic e concluiu contra a meta de Van der Sar. O 1-0 deu conforto ao Barcelona, que dispensou um pouco da cautela que tinha para proteger sua fragilizada defesa e passou a aplicar uma marcação mais sufocante.

É bem verdade que o Manchester tropeçou nas próprias pernas em boa parte do duelo. O setor ofensivo dos Red Devils virou um cubo mágico: Alex Ferguson mudou tanto sua formação por ali que pareceu ter chegado em um ponto que não sabia como desfazer. Rooney ficou isolado, Giggs flutuava sem rumo pela intermediária, Anderson foi ineficiente na contenção e na armação. Ronaldo criou no início e Park se esforçou, mas, sem o apoio devido, pouco puderam fazer. Para consertar isso, Sir Bubblegum destruiu o meio-campo no segundo tempo, suplantando todo mundo por atacantes. Desnecessário dizer que não deu certo, e abriu o espaço que Xavi usou para cruzar uma bola precisa na cabeça de Messi na segunda etapa.

A partir daí foi só administrar a vantagem contra uma equipe desorganizada e meramente espalhada em campo e o Barcelona pôde sair para o abraço. Durante pelo menos mais um ano quem souber fazer bonito com a bola nos pés tem carta branca para fazê-lo, cortesia do time azul e grená que não se cansa de botar por terra os mitos anti-futebol-arte. É claro que jogar sem muito critério defensivo não é para qualquer um, mas sabemos que, sim, dá certo. Se é questão de títulos, está aí o maior de todos nas mãos de quem mereceu. E isso aí não tem legião de volantes que destrua.

23 homens

25/05/2009 23:44

Não consegui enxergar a necessidade de se transformar a convocação de Dunga para os jogos contra Uruguai e Paraguai pelas Eliminatórias em lista definitiva para a Copa das Confederações. A meu ver, essa medida prejudicou um dos aspectos fundamentais que a seleção levada para o torneio pré-Copa do Mundo precisa ter, que é o de teste. Não há necessidade de levar jogadores como, por exemplo, Júlio César, Maicon, Luís Fabiano, Kaká, Juan e outros, que já têm vaga garantida na África do Sul e poderiam muito bem usar o período de descanso (que não terão mais) para se recuperarem da temporada desgastante que enfrentaram. Em lugar disso, embarcarão para um mini-campeonato. Também há o problema de não se poder usar as vagas na equipe para testar jogadores que possam solucionar problemas que ainda temos em certas posições (estou olhando pra você, lateral-esquerda) ou compor uma espécie de "lista de suplentes", uma relação de boleiros já com passagem pela amarelinha que tenham condições de substituir rapidamente um contundido ou cortado do elenco principal.

Não que eu ache que Dunga irira fazer qualquer dessas coisas se as convocações fossem separadas, mas fica registrada a queixa. Também reconheço que o treinador resolveu fazer seus testes, o que é extremamente positivo. Ainda temos indefinições para os cargos de terceiro goleiro e laterais canhotos, além de vagas abertas na reserva da zaga (uma), do meio (duas) e do ataque (uma). Exatamente para estas ofertas de emprego estão aí Gomes, Victor, Kléber, André Santos, Alex, Anderson, Ramires e Nilmar. Sim, alguns destes já foram chamados antes, alguns vêm sendo regularmente, mas não se sente em relação a eles a certeza que existe quanto aos outros integrantes do grupo que estará reunido em junho. Outros jogadores ainda aspiram aos lugares, casos de Marcelo, Thiago Silva, Ronaldinho e Adriano.

De resto, parece bastante seguro afirmar que os outros 15 convocados já podem reservar o dinheiro para a camiseta "I (coração) Johanesburgo" que trarão na volta. Luisão, Felipe Mello e Alexandre Pato parecem os nomes mais arriscados para tanto, o primeiro por ser provavelmente o membro menos badalado da seleção, o segundo por ser o mais novo no grupo e o terceiro por jogar muito pouco e sempre fora de sua posição de conforto. Ainda assim, são 12 os supostamente confirmados. Vale lembrar que Parreira, na última Copa das Confederações, elencou 14 atletas que, no ano seguinte, foram à Alemanha passar vexame. Os números próximos evidenciam que os trabalhos caminham em ritmos semelhantes, apesar de Parreira ter partido de um grupo mais definido e Dunga ter, a princípio, rompido com os nomes do ciclo anterior. A Copa das Confederações de 2001, última antes de 2005 que precedeu um Mundial (houve também a de 2003, na França), contou com apenas quatro jogadores que estiveram também presentes na Copa de 2002, mas houve troca de técnicos entre as competições.

Outro ponto que quero abordar é Ronaldinho. O meia do Milan ficou de fora, depois de figurar em outras listas mesmo sendo irremediavelmente banco em seu clube na Itália. Quer dizer que Dunga se convenceu de que não vale mais a pena tentar? Não é o que me parece. A impressão que fica é a de que o capitão do tetra continua buscando injetar ânimo no Gaúcho, mas resolveu mudar a estratégia. Em vez do paternalismo, agulhadas. "Olha, guri, tu não tem cadeira cativa na minha seleção não. Vê só como eu posso não te convocar. E posso fazer isso na Copa também se tu não te cuidar", parece ser a mensagem do técnico para o ex-melhor do mundo. Creio na presença de Ronaldinho na África do Sul, apesar de não crer que ele vá recuperar a vontade de jogar bola profissionalmente até lá.

Em geral, achei essa a melhor convocação de Dunga em sua era.

O Joquenpô do Futebol

01/04/2009 10:10

Joquenpô você sabe o que é. Nome aportuguesado do jan-ken-pon, é um joguinho japonês também conhecido como pedra-papel-ou-tesoura, muito útil como modo de distração nas aulas chatas quando o professor já passou a mão no seu baralho de truco. O jogo consiste em três gestos com a mão, cada um simbolizando um dos elementos. Os participantes mostram seus gestos simultaneamente e os elementos derrotam-se circularmente. Pedra "amassa" tesoura, tesoura "corta" papel, papel "embrulha" pedra. Deve ser uma metáfora oriental sobre o equilíbrio de todas as coisas no universo, ou talvez só invenção de dois samurais desocupados.

Aqueles familiarizados com That 70's Show conhecem a versão "Barata-pé humano-bomba atômica"

Vou expôr minha humilde teoria baseada no passatempo nipônico, que chamo de "Joquenpô do Futebol". Os elementos que relaciono na teoria são: o próprio futebol, como instituição, os clubes e os jogadores. A relação circular que faço entre eles é de importância. Veja se concorda.

1. Clube é maior que jogador

Todo torcedor já deve ter citado essa frase alguma vez na vida para se referir a um boleiro "mercenário" ou "chinelinho" que desgraçou o manto sagrado. "O Qualquer Coisa FC é maior do que esse perna-de-pau!", vociferam os revoltados. É fato que a história de um clube é construída por grandes jogadores, ídolos imortais e heróis consagrados por conquistas. Mas é igualmente fato que um clube não é apenas isso. A dimensão de um grande clube de futebol engloba o contexto de sua fundação, seus símbolos (hino, cores, uniforme, escudo, bandeira, mascote, etc), o lugar a que pertence, sua torcida e, claro, seus jogadores. Tudo isso é parte do que vemos como a "personalidade" do clube, aquele traço particular que faz com que as pessoas identifiquem-se com esta ou aquela agremiação. Cada clube tem uma cara, um jeitão. Isso não depende exclusivamente de indivíduos que vestiram a camisa. Depende também, é claro, mas é esses indivíduos são peças no quadro geral, não pedras fundamentais.

Além disso, sem os clubes aqueles grandes ídolos não teriam espaço para fazer suas histórias. Não digo que Garrincha teria sido agricultor em Pau Grande, ou que Pelé teria virado fotógrafo de pracinha em Três Corações. Mas seria diferente.

Reapresentação do elenco do Flamengo em um universo paralelo

2. Futebol é maior que clube

Nada muito complexo de explicar aqui também. Hoje vemos muitos clubes tradicionais em estado de penúria. O América-RJ é o melhor (no mau sentido) exemplo desse fenômeno. Entretanto, o Campeonato Carioca segue, firme e forte. Há um vazio? Há, é claro que sim. Uma coisa é o estadual com o Mequinha, outra coisa é sem. O Bahia está que é só o bagaço, já foi campeão nacional, tem uma das torcidas mais absurdamente fanáticas do país, mas perambula pela Segunda Divisão hoje. E o futebol anda, dá suas voltas. Não estou dizendo que não lamento pela situação dos ex-gigantes, mas é simples constatar que os domínios se renovam, algumas estrelas se apagam, outras nascem, mas o jogo continua. A bola rola. Enquanto houver uma pessoa com um objeto remotamente esférico nos pés, haverá futebol.

Não era bem disso que eu estava falando, mas você entende o ponto

3. Jogador é maior que futebol

Fechando o ciclo, vamos falar dos grandes craques. A terceria afirmação do Joquenpô do Futebol não se aplica, por exemplo, a Obina ou Jéci. Óbvio que não são todos os jogadores que se encaixam no raciocínio, mas pense comigo. Cada deus da bola que pisou, pisa e pisará nos capins para fazer seus truques dignifica o nobre esporte bretão e, mais do que isso, revoluciona-o. De Yashin a Casillas, de Beckenbauer a Baresi, de Puskas a Gerrard, de Didi a Cruyff, de Eusébio a Messi, todos os monstros das quatro linhas deixaram suas marcas e transformaram a maneira de jogar. O que quero dizer é que o futebol não seria tão brilhante se não fosse por esses astros que iluminaram os gramados por onde passaram, inventando modas e fazendo artes. Imagine uma partida, hoje, do jeito que era há cem anos. Rígida, feia, cheia de chutões e correria desordenada. Quem mudou tudo isso, quem criou o espetáculo do futebol, foram os craques.

E você, o que fez pelo futebol hoje?

E essa é a teoria do Joquenpô do Futebol.

OBS: Sempre que estiver escrito "jogador" no texto, entenda também "técnico". Não menosprezei o trabalho dos "pofexôres", apenas quis economizar espaço e simplificar conceitos.

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Ao vencedor, as batatas

28/03/2009 14:25

Como está todo mundo dando opinião sobre o dossiê feito por Palmeiras, Santos, Fluminense, Botafogo, Bahia e Cruzeiro para transformar as conquistas do Robertão e da Taça Brasil em títulos brasileiros oficiais, resolvi entrar na dança.

A meu ver, tanto fez como tanto faz. Se a CBF acatar o pedido, direi que o Palmeiras é octacampeão nacional, por exemplo. Se não acatar, direi que o Palmeiras é tetra nacional, bi do Robertão e bi da Taça Brasil. Faz alguma diferença? Evidente que não. O Palmeiras, por oito vezes, ganhou o título mais importante do país. É isso que importa.

Parece até que os clubes manifestantes só consideram Robertão e Taça Brasil importantes se forem equiparados ao Campeonato Brasileiro atual. Neste caso, eles é que estão menosprezando seus feitos, e não o resto do país. Eles é que estão relegando seus heróis históricos a vencedores de pelejas de segunda categoria, e querendo agora transformar essas pelejas em façanhas. E são façanhas. Sempre foram. Não é um detalhe técnico que vai mudar isso.

A bem da verdade, considero que a CBF errou desde o início ao desconsiderar os torneios que vieram antes de 1971. Sim, penso que deveria ter havido uma unificação lá atrás, quando do início do Campeonato Brasileiro como o conhecemos (ou quase isso). Não houve, ficaram coisas separadas, então paciência. Não é papel de ninguém reescrever a história.

Ademais, mudar o nome de um título de décadas atrás vai colocar o Bahia de volta na primeira divisão, com a grandeza e a relevância que sua fantástica torcida merece? Vai fazer o Palmeiras conseguir se virar sem uma parceria obscena, que transforma o clube em quiosque de compra e venda de jogadores? Vai livrar o Santos da oligarquia do ensandecido Marcelo Teixeira? Vai pagar as dívidas do Botafogo?

Mas claro, está tudo em céu de brigadeiro no país do futebol. Ninguém tem problemas para resolver, então vamos cuidar dessas questões lúdicas, todos sentados em roda à sombra de uma frondosa macieira.

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A Seleção da Era Dunga

24/03/2009 23:02

Como eu havia prometido neste post, publico agora a lista de jogadores que atuaram sob o comando de Dunga na seleção, ranqueados por número de participações dentro de campo. As participações são divididas em: jogos em que começou como titular (T); e jogos em que começou na reserva e entrou ao longo da partida (R). O primeiro critério de desempate são as participações T.

GOLEIROS

Júlio César (Internazionale) - 19 (18 T, 1R)
Doni (Roma) - 10 (10T)
Gomes (Tottenham), Hélton (Porto) - 4 (4T)

LATERAIS-DIREITOS

Maicon (Internazionale) - 31 (26T, 5R)
Daniel Alves (Barcelona) - 21 (6T, 15R)
Cicinho (Roma) - 3 (2T, 1R)
Ilsinho (Shakhtar Donetsk), Léo Moura (Flamengo) - 1 (1T)
Rafinha (Schalke 04) - 1 (1R)

LATERAIS-ESQUERDOS

Gilberto (Tottenham) - 22 (20T, 2R)
Kléber (Internacional) - 8 (7T, 1R)
Marcelo (Real Madrid) - 6 (4T, 2R)
Adriano Claro (Sevilla), Richarlyson (São Paulo) - 2 (2T)
Juan (Flamengo) - 2 (1T, 1R)

ZAGUEIROS

Juan (Roma) - 25 (25T)
Lúcio (Bayern de Munique) - 20 (20T)
Alex (Chelsea) - 13 (12T, 1R)
Luisão (Benfica) - 10 (9T, 1R)
Naldo (Werder Bremen) - 4 (3T, 1R)
Thiago Silva (Milan) - 4 (1T, 3R)
Alex Silva (Hamburgo), Edu Dracena (Fenerbahçe) - 2 (1T, 1R)
Henrique (Barcelona/Bayer Leverkusen) - 1 (1T)

VOLANTES

Gilberto Silva (Panathinaikos) - 30 (28T, 2R)
Mineiro (Chelsea) - 23 (19T, 4R)
Josué (Wolfsburg) - 22 (14T, 8R)
Anderson (Manchester United), Dudu Cearense (Olympiacos) - 8 (4T, 4R)
Edmílson (Palmeiras) - 6 (5T, 1R)
Fernando (Bordeaux), Lucas (Liverpool) - 4 (1T, 3R)
Felipe Mello (Fiorentina) - 1 (1T)
Hernanes - 1 (1R)

MEIAS

Elano (Manchester City) - 27 (17T, 10R)
Diego (Werder Bremen) - 21 (8T, 13R)
Kaká (Milan) - 20 (16T, 4R)
Júlio Baptista (Roma) - 19 (10T, 9R)
Ronaldinho (Milan) - 18 (14T, 4R)
Daniel Carvalho (CSKA Moscou) - 4 (2T, 2R)
Mancini (Internazionale) - 3 (3R)      
Alex (Spartak Moscou), Tinga (Borussia Dortmund) - 2 (2R)
Thiago Neves (Al-Hilal/Fluminense) - 1 (1R)

ATACANTES

Robinho (Manchester City) - 35 (34T, 1R)
Vágner Love (CSKA Moscou) - 20 (14T, 6R)
Luís Fabiano (Sevilla) - 11 (8T, 3R)
Rafael Sóbis (Al-Jazira) - 8 (3T, 5R)
Adriano (Internazionale) - 8 (4T, 4R)
Afonso (Middlesbrough) - 8 (2T, 6R)
Fred (Fluminense) - 6 (5T, 1R)
Alexandre Pato (Milan) - 5 (1T, 4R)
Jô (Manchester City/Everton) - 3 (1T, 2R)
Ricardo Oliveira (Betis) - 2 (2R)
Nilmar (Internacional) - 1 (1R)

A Seleção da Era Dunga, formada pelos jogadores com maior número de participações, é:

1 Júlio César
2 Maicon
4 Juan
3 Lúcio
6 Gilberto
5 Gilberto Silva
8 Mineiro
7 Elano
10 Diego
11 Robinho
9 Vágner Love
(a numeração é arbitrária)

Os reservas: Doni; Daniel Alves, Alex, Luisão, Kléber; Josué, Anderson, Kaká, Júlio Baptista; Luís Fabiano, Rafael Sóbis.

Ganharíamos Copa do Mundo com essa rapaziada?

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Abstinência ludopédica

22/03/2009 21:14

Bola rolando nos capins de todo o Brasil afora pelos estaduais! Um momento. Todo o Brasil? Não exatamente. Apenas 26 competições oficiais estão em andamento no país. A terra sem campeonato? O Amapá, penúltimo colocado no ranking de estados da CBF.

O Campeonato Amapaense tem apenas uma divisão. Ela é composta por dez simpáticas agremiações futebolísticas, sendo oito delas oriundas da capital Macapá: Amapá, Cristal, Macapá, Santos, São José, São Paulo, Trem e Ypiranga. Completam o rol de participantes o Independente, de Santana, e o Mazagão, de Mazagão. O atual detentor do título é o Cristal, que, graças, ao triunfo, participou da Copa do Brasil de 2009. Caiu na primeira fase, superado pelo Brasiliense. Marcou presença também no Campeonato Brasileiro da Série C de 2008, no lugar do Trem, que teria a vaga por ter sido campeão estadual em 2007 mas abriu mão. No nacional, ficou em terceiro no Grupo 2, atrás de Holanda-Am e Remo e na frente do Progresso-RR.

Clube Atlético Cristal, o Dragão (?) do Norte

Desde o dia 12 de julho do ano passado, data da decisão entre Cristal e São José, nenhum clube amapaense além do campeão entrou em campo para uma partida oficial. O próprio Cristal jogou apenas seis vezes desde então, pelos campeonatos já citados. O estadual de 2009 está previsto para ter início em agosto, mas já há rumores (negados pelo presidente da Federação, Paulo Rodrigues) de que ele não acontecerá.

O atraso deve-se, em parte, à extensa reforma do Estádio Glicério Marques, o Glicerão, localizado em Macapá, que recebe praticamente todos os jogos que acontecem no estado. A outra arena da capital, o Estádio Milton Corrêa, o Zerão (famoso por ter a linha central do campo coincidindo com a Linha do Equador), está completamente arruinado e tomado por areia e mato. Há estádios também em Mazagão e em Santana: respectivamente, o Videirão e o Municipal. Porém, como 80% dos clubes participantes são de Macapá, fica inviável iniciar o campeonato sem o Glicerão.

A torcida assiste na mordomia à partida entre Cristal e Brasiliense, no Glicerão

Antes de serem iniciadas as obras, o estádio, com capacidade para míseras 3.500 almas, recebeu o Brasiliense para o confronto de ida da Copa do Brasil, no dia 04/03, com vitória dos visitantes por 2-1. Duas semanas depois o Cristal foi à Boca do Jacaré e sofreu novo revés, por 3-1, carimbando a eliminação. É o suficiente para não haver envolvimento de Amapá no futebol pelos próximos meses, no mínimo até o início da Série D, onde o Cristal deverá ser o representante novamente, uma vez que o estadual não será definido a tempo.

A imprensa do estado não é muito de comentar a situação. Fato que fica bem explicado quando se descobre que o secretário da Coordenadoria Municipal de Esportes e Lazer (COMEL) de Macapá, Ramilton Farias, assina ponto no Diário do Amapá, um dos principais jornais (a informação é do blog Futebol Amapaense). O precário site da Federação não traz nenhum esclarecimento, e ainda distrai o visitante tocando a vinhetinha do futebol da Globo. O site Futebol do Norte também não faz menção a nada disso. O blog citado anteriormente é a melhor fonte para consultas, além de ser bem crítico. O Esporte Espetacular, recentemente, fez uma reportagem ilustrando a situação do futebol tucuju, que pode ser vista aqui.

Em resumo, há um lugar, lá onde o mundo se divide, que ainda não pode contar com o brilho de uma partida de futebol. Um lugar chamado Amapá.

Digitar "mapa amapá" é engraçado. Falando em mapa, ele parece um pouco a cabeça do Patolino.

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TOP 10 - Os piores mascotes do futebol brasileiro

05/03/2009 17:06

O mascote tem um lugar todo especial no grande universo do futebol. De acordo com o livro "A Dança dos Deuses - Futebol, sociedade, cultura", de Hilário Franco Júnior, o mascote está para o clube como um totem está para um clã, representando seu espírito, carregando sua herança e identificando seus seguidores. Por isso, a escolha do mascote é sempre importante.

Alguns optam pelo caminho seguro, porém garantido, e ostentam leões, águias, lobos ou tigres. Outros, mais ousados, preferem fugir do convencional, e são simbolizados por locomotivas, mosqueteiros, piratas ou tubarões. Outros, no entanto, ultrapassam a tênue linha entre criatividade e pura bizarrice, e acabam cometendo mascotes como os que o Na Trave Blog apresenta na lista abaixo:

10. Representando o Volta Redonda (RJ)...

Conheça Bolotaço, o sorridente mascote do glorioso Volta Redonda Futebol Clube. O que é ele? Uma bola, aparentemente. Uma bola desenhada por um aluno da pré-escola que abandonou o acabamento dos gomos na metade. E como ele segura aquele troço sem mãos? E o que diabos ele está segurando? Parece um troféu, mas tem o seu próprio nome escrito. Será que ele ganhou uma gincana de bolotaços? Será que existem outros como ele? Seré que eles querem dominar o mundo? São muitas, muitas perguntas.

9. Representando o Sergipe (SE)...

Não sou contra adotar o diabo como mascote, e também não sou nenhum tipo de zelote religioso, longe disso. Só estou dizendo que a pessoa que coloca uma coroa e uma pose de soberano no Coisa-Ruim não deve ser exatamente como o resto de nós. Tudo bem, pode não ser nenhuma mensagem ocultista que aponta o Tinhoso como o governante supremo de toda a humanidade. Mas, mesmo que seja só, sei lá, uma representação da superioridade deste adorável demônio em particular sobre os outros de sua espécie, você há de reconhecer que houve todo um raciocínio sobre o sistema de governo adotado no inferno, e isso, por si só, já é perturbador o suficiente.

8. Representando o Boavista (RJ), o Coruripe (AL) e o Tocantins (MA)...

Não me leve a mal, eu sei que o Incrível Hulk é um cara bem durão e com cara de bravo, ideal para um mascote intimidante. O problema é que, como todos nós sabemos, por trás da fera verde está o nerd Bruce Banner. Deve haver um momento em que os responsáveis pelos três times vão perceber que, no fundo, o porta-voz de suas agremiações é um cientista magrelo e anti-social. E isso, meus amigos, é uma baita dor-de-cabeça para as relações-públicas de uma empresa.

7. Representando a Desportiva (ES)...

Eu sei o que você está pensando: "Ora, seu cabeça-oca, mas você falou ali em cima que a locomotiva é um mascote bacana!" Falei mesmo. Por isso que a Desportiva Capixaba está na lista. O mascote deles não é a locomotiva do trem. É o maquinista. Patético, eu sei. Deve ter algum sentido, do tipo "o clube é a locomotiva, e o maquinista dirige, comanda". O que faz a gente pensar que o presidente do time, além de egocêntrico, é provavelmente um sósia do Luigi, como seu contraparte cartunesco.

6. Representando o Colorado (PR)...

Digamos então que você é um grande admirador dos índios colorados e resolve dar o nome da tribo deles ao seu time de futebol. Não satisfeito com uma só homenagem, você resolve também adotar um integrantezinho como seu mascote. Se você for o fundador do extinto Colorado Esporte Clube, o resultado só pode ser Boca Negra, a caricatura mais estereotipada e antropologicamente inexata possível de um selvagem. Ou isso, ou todos os índios do Paraná saíram de alguma edição antiga de um manual internacional de escotismo.

5. Representando o Poços de Caldas (MG)...

Vulcões são legais, não são? Grandes, poderosos, perigosos... O Poços de Caldas Futebol Clube vem de uma cidade famosa por suas águas termais, aquecidas por um VULCÃO. A cidade fica localizada na cratera de um VULCÃO. O escudo do time (que não é o ilustrado acima) traz um VULCÃO. O apelido do time é VULCÃO. Obedecendo à lógica, o mascote do time só podia ser um... quati. Um motherfucking QUATI. Eu não tenho nada mais a dizer.

4. Representando o Horizonte (CE)...

Olhem só para esta pobre criatura. Olhem nos olhos dela. É como se estivessem implorando para que alguém acabe com o seu sofrimento. Esta aberração, que mais parece o resultado de uma noite de amor selvagem entre o Garibaldo e uma pintura de Salvador Dalí, é conhecida no Ceará como "galo". Tudo leva a crer que o sujeito que imaginou este ser nunca viu um galo na vida e tem o coração frio como gelo, porque não pensou duas vezes antes de assombrar nossos pesadelos para sempre com sua cria profana.

3. Representando o Operário (MT)...

Um chicote não é uma má idéia, é? Quer dizer, é bem criativo e original, mete medo no adversário, e tudo mais... Ah, mas o nome do time é OPERÁRIO? Tipo, as pessoas que trabalham pra alguém? Os subordinados? E a representação desse conceito é um chicote? Eu vejo o problema agora...

2. Representando o Luziânia (DF)...

Apesar de parecer que o mascote é um polígono, na verdade é a Igreja do Rosário de Luziânia. Aposto que você não esperava por essa, hem? Objetos inanimados até vai, mas escolher como representante uma coisa cuja principal função é ficar parada exatamente no mesmo lugar até o fim dos tempos não parece muito apropriado. Tudo bem que tem toda a história de identificação com a cidade, etc e tal, mas digo só uma coisa: se fosse eu, teria escolhido uma Igreja Renascer em Cristo. Pelo menos o adversário pode ter medo de o teto cair na cabeça dele. Numa Igreja do Rosário, o pior que pode acontecer é um bebê recém-batizado acertar um jato de xixi no olho do padre.

1. E o vencedor, representando o Itabaiana (SE)...

"Olhem lá no céu! É um pássaro? É um avião? Não! É o Tremendão! O defensor dos microprodutores rurais e das sopas mal-temperadas!"

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Narizes ao alto

24/02/2009 13:24

Outro dia, antes do mais recente Derby della Madonnina, o SporTV exibiu um especial do repórter Bruno Cortes na Itália, que falava, entre outras coisas, da rivalidade entre milanistas e interistas. No museu do San Siro/Giuseppe Meazza, o repórter entrevistou um tifoso nerazzurro, que explicou, de maneira bem sóbria, porque não tem muito apreço, digamos assim, por seus contrapartes rossoneri. Uma das coisas me chamou a atenção: ele disse que os torcedores do Milan são muito convencidos, e metem-se a esfregar seus sete títulos europeus na cara do interlocutor por qualquer motivo. Não importa o assunto, há que se exibir os títulos como prova incontestável de uma suposta superioridade.

Trago isto à tona para falar de algo que tem me incomodado bastante nos últimos dias. Para ser mais preciso, desde o "Majestoso dos 10%", o clássico entre São Paulo e Corinthians que, cercado de polêmicas, acusações e factóides, terminou com bombas, reações agressivas da polícia, baderna de torcedores uniformizados, depredação de patrimônio e, o que é pior, pessoas feridas. Não venho aqui discutir culpas e responsabilidades, e sim destacar (e criticar) uma postura comum da diretoria do São Paulo que ganhou muita evidência desde o episódio. Não são todos os dirigentes que assumem essa portura, claro, mas aqueles que assumem são suficientemente influentes para fazer o torcedor são-paulino pensar que tem o direito de assumi-la também. Falo, especificamente, do superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha e do diretor jurídico Kalil Rocha Abdala.

Antes de mais nada, vale dizer que sou são-paulino e, como tal, sinto-me perfeitamente no direito de contestar o que é feito em nome do São Paulo Futebol Clube que me desagrada. O papel do torcedor é apoiar e vibrar por seu time, e isso inclui não bater palminhas para tudo que as pessoas relacionadas ao time fazem. Ser conivente com erros do outro é ajudar a perpetuá-los, o que é prejudicial ao outro em questão.

Prosseguindo. O que estou querendo dizer, sem meias palavras, é que os referidos cavalheiros, juntamente com muitos torcedores tricolores e, imagino, outros integrantes da diretoria que não vêm a público com tanta frequência, são arrogantes e desrespeitosos. Pensam que mais títulos e uma boa estrutura administrativa são desculpa para tomar ares de superiores a tudo e todos. Sim, o São Paulo conta com gente competente e é gerido de forma mais profissional do que é a regra entre os clubes brasileiros. Mas tudo isso não significa nada perto do pensamento pequeno e mesquinho manifestado em duas declarações dadas pelos dirigentes supracitados nos últimos dias.

Marco Aurélio Cunha, o mesmo que já se posicionou favorável a jogos de uma torcida só, é o autor das seguintes palavras: "Não precisamos do Corinthians para sobreviver. Três shows da Madonna renderam o mesmo que dois anos de jogos do Corinthians no Morumbi". Primeiro que é uma obtusidade contar mais com as apresentações esporádicas de um superastro internacional do pop, que podem nem acontecer, do que com as partidas de um time vizinho, que todo ano tem, infalivelmente, dezenas de compromissos na mesma cidade. Segundo que é a tradução da ideia de que o São Paulo é perfeito e auto-suficiente, e os outros clubes são pedrinhas no sapato. Já Kalil Rocha Abdala é mais acintoso: "Como galinha não tem estádio, não sei onde eles jogarão partidas importantes, a não ser que estejam pensando na Libertadores". Além de xingar o rival, complementa o pensamento de Marco Aurélio Cunha: não precisamos deles, magníficos que somos, mas eles, coitadinhos, precisam de nós. É um estorvo tão grande ceder o estádio a outro clube, sendo que este clube paga e zela pelo estádio quando joga lá? Será que vale a pena ferir para sempre as relações tão necessárias entre duas agremiações de futebol e fazer inimigos apenas por causa de algo que pode ser apenas uma boa fase?

A imprensa tem também sua parcela de culpa quando rasga seda para o São Paulo sempre que tem a oportunidade e infla ainda mais o ego de uns e outros. Fazem ressalvas, às vezes, mas visivelmente a contragosto. Como se não fosse necessária nenhuma contrapartida moral e ética quando se trabalha bem. E às vezes mesmo esse tão proclamado bom trabalho é contestável. Como foi o caso com as contratações do início de 2008, para ficar só no plano futebolístico. Como é o caso com o oportunismo ao se aproveitar de brechas na Lei de Incentivo ao Esporte para captar recursos públicos e usá-los em projetos internos que nada têm a ver com a formação esportiva. Tão grande é o deslumbramento com o "modelo são-paulino" que se esquece de discutir outros pontos.

Um clube que se pretende exemplo não pode admitir arrogância. Entre os torcedores é até mais compreensível (porém não perdoável). Entre dirigentes, os mesmos que se proclamam a nível europeu, é prova de que o amadorismo ainda assombra. Não é necessário suportarmos esse tipo de empáfia para vermos uma administração decente e bem-sucedida no futebol brasileiro. Internacional e Grêmio estão aí para provar, e fazem isso com muito pouco alarde.

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Mirando 2010

18/02/2009 00:31

Dunga, nosso querido Carlos Caetano, segue com a peteca no ar. Quantas vezes quisemos que ela caísse de suas gaúchas mãos? O consenso geral, depois da boa vitória sobre a Itália na casa da seleção brasileira (o Emirates Stadium), é o de que ele vai até a Copa da África do Sul no cargo. Eu já esperava isso, como disse aqui, e lamentava. Agora confesso que minhas opiniões estão em curso de mudança. Foram duas partidas seguidas de resultado positivo e ótimo futebol contra adversários de peso, não qualquer Cingapura da vida, o que é muito bom. Não é isso que esperamos da nossa seleção, afinal?

É claro que não se pode elevar Dunga à categoria de gênio tático, e deve-se levar em consideração que temos tantos talentos individuais que o time praticamente joga sozinho (prova disso é o pouquíssimo tempo de treino antes do amistoso contra a Azzurra, que não prejudicou). Mas temos que dar os devidos créditos. Dunga está se firmando. A seleção ganha uma cara. Suas relações com torcida e imprensa (é bom lembrar que ele evita jornalistas brasileiros e prefere conversar com os estrangeiros) ainda deixam a desejar, mas isso é outro assunto. É justamente da tal cara da seleção que quero falar.

O grupo que vai à Copa já está quase fechado. É o que diz o treinador. Dá para fazer algumas previsões e análises. Tenho um levantamento, que publicarei na íntegra aqui em breve, com a lista dos jogadores mais utilizados em todos os embates da Era Dunga (excluindo a seleção olímpica). Batendo os dados com a última convocação da Canarinho e acrescentando um pouco de especulação, dá para imaginar como deve ser composta a sonhada lista.

GOLEIROS A FIFA exige três no elenco de 23 boleiros de cada país. Júlio César, salvo algum imprevisto do destino, será o camisa 1. É o arqueiro mais escalado sob a batuta do capitão do tetra, com larga vantagem, e realmente merece a titularidade, como mostrou no clássico milanês mais recente. Doni faz muitos torcerem o nariz, eu incluso, mas tem tudo para estar também na terra de Mandela. O terceiro guarda-redes é o mistério. Gomes e Hélton, que já foram utilizados na posição, caíram no esquecimento. Acredito que Renan, do Valencia, é quem tem mais chances, pela idade e por já ter sido lembrado em convocações anteriores, apesar de não ter jogado. Como faria o blogueiro Júlio César, Renan e um terceiro goleiro experiente, como Dida, Marcos ou Rogério Ceni. O terceiro goleiro, como se sabe, é o turista de luxo. Pode muito bem ser uma base de apoio para o grupo.

LATERAIS Só quem passou os últimos meses em Saturno sob o efeito de sedativos não sabe que Maicon e Daniel Alves são os donos incontestáveis da direita. Na esquerda, sinal amarelo aceso. Eu sempre defendi que Marcelo é o lateral canhoto da seleção desde as Olimpíadas, só faltava ser convocado. Parece que agora ganhou realmente a posição, depois dos sucessivos fracassos de Kléber, do desaparecimento de Gilberto e da total falta de concorrência. O reserva, em teoria, não existe. Fora esses três, apenas Adriano Correia (Sevilla), Richarlyson (São Paulo) e Juan (Flamengo) jogaram no setor. Não consigo ver nenhum deles na Copa. Outros podem ser experimentados, como Maxwell (Internazionale, já foi convocado mas não atuou), Fábio Aurélio (Liverpool, com passagens pela seleção no longínquo século XX) e, porque não?, André Santos (Corinthians). Temos tempo. Como faria o blogueiro Maicon e Daniel Alves pela direita, Marcelo e André Santos pela esquerda.

ZAGUEIROS Porto seguro. Lúcio e Juan (este último se as contusões deixarem) seguem os impávidos guardiões da grande área, com Thiago Silva surgindo como habitué do banco. O outro reserva parece ser Luisão, que é seguro, confiável e marca presença nas listas. O terceiro beque mais utilizado por Dunga, atrás de Lúcio e Juan, parece fora do páreo: Alex, do Chelsea. Como faria o blogueiro Lúcio, Juan, Thiago Silva e Luisão.

VOLANTES A posição, que antes parecia definidíssima, traz uma grata surpresa, Felipe Mello, que jogou bastante bem contra a Itália e tirou espaço do contestado porém frequente Josué. Gilberto Silva é um dos intocáveis de Dunga, e também só não estará na Mama África por milagre (quem sabe uma voz da razão que chegue ao técnico em seu sono...). Mineiro é definitivamente carta fora do baralho. Anderson, irregular com a camisa amarelinha, corre por fora pela vaga. Até a Copa, porém, podem ser testados dois dos melhores jogadores do futebol brasileiro: Hernanes e Ramires. Ambos têm plenas condições de defender o Brasil, e pode ser que pelo menos um deles cave um lugarzinho. Vale ainda citar Lucas, que volta e meia dá as caras no Liverpool e costuma não decepcionar. Curiosidade: o quarto jogador mais usado por Dunga entre os volantes até hoje é Dudu Cearense, quem lembra dele? Figurinha carimbada no início dos trabalhos. Como faria o blogueiro Zé Roberto (o do Bayern? Sim! Não citei porque nunca foi chamado por Dunga, mas está arrebentando na Alemanha e é macaco velho), Anderson, Hernanes e Ramires. A nova safra mais um veterano.

MEIAS Elano, ao que parece, só joga bem na seleção. Arrebenta pelo lado direito do ataque brasileiro e dá vexame no Manchester City. Um caso curioso, mas presença praticamente certa na Copa (detalhe: é o meia que mais jogou com Dunga no comando). Preciso justificar Kaká? Júlio Baptista anda merecendo demais um lugar ao sol, que já foi de Diego (segundo maior substituto da Era Dunga, entrou do banco 13 vezes, só perdendo para as 15 de Daniel Alves). Dois "internacionais" vão ficando apagados: Mancini, em Milão, e Alex, em Porto Alegre. Podemos dizer que a última vaga é de Ronaldinho assim que ele recuperar a boa forma, mas mesmo se isso não acontecer a tempo ele deve embarcar também. Como faria o blogueiro Kaká, Alex (o cabeçudo, do Fenerbahçe, que deve ter matado a mãe de alguém da CBF para nunca ver a cor da camisa da seleção), Elano e Júlio Baptista.

ATACANTES Não acredito em surpresas aqui. Robinho, o jogador mais utilizado por Dunga até hoje, e Luís Fabiano devem compôr a dupla titular. Pato é presença praticamente garantida também, até porque vem jogando sobrenaturalmente bem no Milan. Não gosto da ideia de ver o incorrigível Adriano ganhando também um agrado, como tudo indica que aconteça. Pode estar voltando a jogar uma bola decente, mas o comportamento e a cabecinha ainda precisam melhorar,e  ir para uma Copa do Mundo não ajudaria. Ele ainda tem mais de um ano para isso, claro. Entre os que deveriam ganhar chances, os mais evidentes são Nilmar e Keirrison. O colorado até já jogou, mas muito menos do que merecia. O alviverde tem tudo para brilhar em 2009. Podem desbancar algum dos favoritos, mas, como eu disse, não acredito em surpresas. Como faria o blogueiro Robinho, Luís Fabiano, Pato e Nilmar.

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