A Nível de Libertadores II - Final

04/12/2008 02:01

Não foi o passeio que todos (colorados) esperavam, mais o título é enfim brasileiro. Título esse que, se não foi heróico, com certeza foi suado pro Inter de Porto Alegre, com direito a gol no finzinho do prorrogação. Pro Estudiantes resta o consolo de estar quase garantido na Libertadores do ano que vem, e a tristeza de perder jogando melhor na casa alheia.

O Beira-Rio lotado empurrou o time pra que pressionasse já nos primeiros minutos. Parecia até que eram os colorados a tentar descontar a desvantagem no placar agregado. Muitas boas jogadas de Nilmar e D'Alessandro, mas chances claras de gol foram poucas. Do lado Pincha, vários passes errados e chutões pra frente impediam as ações ofensivas. Boselli mal tocou na bola e Veron, apesar do esforço, não brilhava.

Reclamações com a arbitragem não podiam faltar, e elas vieram dos dois lados. A meu ver o Estudiantes foi "mais prejudicado" pelo Larrionda. Pênaltis não marcados acabaram indo pros dois lados, e no fim das contas é uma questão de interpretação, agora gol mal anulado, não. Mas como não gosto de comentar esse assunto "arbitragem", que cada um tire suas próprias conclusões.

No segundo tempo entrou em campo, pelo Inter, a "postura Tite" de jogar futebol. Os colorados se retraíram, não se lançavam mais ao ataque com a vontade da primeira etapa. Melhor pro time de Astrada, que fez muito bem ao colocar Perez em campo no lugar do lesionado Iberbia. Em poucos segundos ele fez boas jogadas na lateral e provocou a falta decisiva. Benitez cobrou e Alayes num belo voleio fez o gol do tempo normal.

Obrigatoriamente se espera uma reação imediata do time que leva o gol, ainda mais quando é o anfitrião. E de fato houve uma mudança de postura por parte dos colorados. O problema, outra vez, veio do banco. Tite tira Andrezinho e põe Gustavo Nery, pra felicidade de Angeleri, que teve o espaço que queria pra ajudar no ataque. Na alteração em que ele tira Alex pra colocar Taison eu não vi erro dele. O 10 do Inter não foi bem mesmo, e o jovem revelado nas categorias de base do clube entrou bem. Fato é que o 1x0 permaneceu.

Veio a prorrogação e pouco mudou. O Estudiantes seguiu melhor em campo, apesar de que o Inter não era tão inferior assim. A destacar no primeiro tempo só a saida de Veron, e o quase gol no chute de Angeleri. Já pro segundo tempo os donos da casa acordaram. Mas a tática foi pro espaço, deu lugar ao coração e ao sangue, que também são vermelhos. Depois de muito pressionar, num escanteio o gol vem. E num gol típico de final sofrida: bola alçada na area, cabeçada milagrosamente defendida por Andujar, bola chutada pra lá e pra cá até sobrar pra Nilmar. Uma das estrelas coloradas foi responsavel pela explosão de alegria no Beira-Rio. O torcedor podia soltar o grito que já vinha ensaiando desde a vitória em La Plata.

Do lado argentino, a certeza de uma campanha bem feita, e o gostinho de quase ter levado a decisão do título mais adiante. O Pincha foi vítima de ter perdido jogando melhor no último jogo, mas pagou por ter errado muito no primeiro jogo. Repetiu o equivoco Xeneize e insistiu no jogo aéreo quando jogou em casa, numa partida em que as estrelas Veron, Boselli e Angeleri pouco fizeram. Em Porto Alegre Astrada também errou ao apostar em Iberbia, e deu graças a Deus por Desabato não ter falhado denovo. Resta então o Apertura, aonde não há chances de título, mas a vaga pra Libertadores ainda não foi garantida.

Pro Inter essa mesma vaga também não é certa. Mas no momento isso é pouco importante pro torcedor, que comemora com justiça a taça inédita. Discordo fortemente daqueles que acharam que o Inter ganhou jogando bonito. Verdade que o trio Alex, Nilmar e Cabezón desequilibra pela tamanha qualidade, mas a maneira de jogar não é tão artística. Em muitos jogos eles se recolhem antes da hora, e por isso chegaram a perder muitos pontos no Brasileirão e quase perderam a Sulamericana hoje. Insisto que se a diretoria pensa em voos mais altos pro ano do centenário precisa pensar num técnico que melhor aproveite esse elenco estelar colorado.

De certa forma essa conquista pode mudar a maneira de pensar dos times brasileiros em respeito a essa competição. Principalmente se ela passar a levar pra Libertadores, o que pra mim não é justo nesse ano, mas pros próximos seria interessante. Agora certamente cai uma pressãozinha pros gremistas ganharem o Brasileiro, se não quiserem ouvir provocações dos rivais.

E quanto aos críticos da competição, que teve uma final tão boa quanto a da Libertadores. Perguntem aos colorados se acham que a Sulamericana não vale a pena.

 

Comentários

Voltar