Agora, sem Márcio Rezende

04/06/2009 20:48

Ressabiados pelo jogo polêmico de 2005, pela eliminação na Libertadores 2003 ou por não ter mais final no Brasileirão, eis a chance de ir a forra. Corinthians x Internacional fazem uma final de Copa do Brasil que vai muito além da simples luta pela volta olímpica, pois há várias disputas paralelas a decisão entre as duas melhores equipes brasileiras na atualidade. Além de que irá servir muito bem para deixar contentes os orfãos da época do Mata-Mata no Campeonato Brasileiro.

Para passar da fase semifinal, tanto alvinegros quanto colorados não tiveram vergonha de utilizar uma estratégia odiada pelos catedráticos do futebol: o jogo retraído.

Os corintianos fizeram isso com mais tranquilidade. Chicão e William trataram de transformar a grande área de Felipe numa fortaleza impenetrável. Isso quando a bola passava da marcação forte no meio-campo. Some a isso a falta de criatividade dos laterais e dos meias vascaínos, incluíndo Carlos Alberto, a atuação apagada de Rodrigo Pimpão e um Pacaembú lotado. O resultado foi uma controlada classificação dos comandados de Mano Menezes.

Ronaldo? Esse teve dois bons momentos na partida. Um aos 5 minutos do primeiro tempo, quando chutou por cima das traves uma bola cruzada recebida perto da pequena área, e outro aos 31 da etapa final. No lance, ele driblou Fernando Prass, mas se atrapalhou na hora de chutar, corroborando para a recuperação do goleiro do Vasco. Só isso.

O Inter, pelo contrário, foi pressionado de maneira mais contundente no Couto Pereira. Ariel Nahuelpan e Marcelinho Paraiba ali estavam para dar esperanças ao torcedor do Coritiba. Usufruíram de espaço cedido pela equipe do técnico Tite, mas só vazaram a meta de Lauro aos 29 do segundo tempo. Insuficiente para manter vivo o sonho do Coxa Branca de voltar a Libertadores, onde esteve pela última vez em 2004.

Se configurou então, não a final mais desejada, e sim a mais esperada por todos. E os atrativos são vários...

Quem não se lembra do lance polêmico na "final" do Brasileirão 2005? Tinga derrubado na área por Fábio Costa no Pacaembú, o mundo inteiro, esperando pelo pênalti, viu o meia colorado levar o segundo amarelo por simulação. Para a torcida gaúcha, que também não aceitou os pontos ganhos pelo Corinthians devido a anulação dos jogos apitados por Edilson Pereira de Carvalho, o episódio está entalado na garganta até hoje. Nem a Libertadores e o Mundial ganhos no ano seguinte fizeram a mágoa passar.

Libertadores. É ela a motivação dos dois finalistas. E sai dela a sede de vingança dos corintianos. Não foi o Internacional quem eliminou o clube do Parque São Jorge em 2003, mas o River Plate de D'Alessandro, que hoje veste a camisa vermelha. Uma doída derrota para prolongar a agonia alvinegra na busca pelo título continental inédito.

Apesar de todos esses pesares, Inter e Timão tem seus pontos em comum. Os treinadores, para ser preciso. Tite e Mano Menezes, gaúchos vindos do Caxias para serem campeões no Grêmio até chegarem aos clubes onde estão hoje.

Curiosamente, esses professores de mesma origem conseguiram criar uma diferença enorme no seu estilo de treinar. Mano é destemido, joga com três atacantes mesmo tendo a melhor defesa do Brasil. Tite é cuidadoso, preza pela marcação mesmo tendo o melhor ataque do Brasil. Podem chamá-lo de retranqueiro a vontade, só que ele já possui o título da Copa do Brasil que Mano perdeu ano passado.

A melhor defesa contra o melhor ataque. Soa como equilíbrio para você? Pois pra mim não. E digo o porquê.

Nilmar, astro colorado maior de hoje, jogará, na melhor das hipóteses, apenas o segundo jogo. Verdade que André Santos também é desfalque por estar na mesma seleção brasileira, mas o Corinthians depende muito menos dele no que condiz à criação de jogadas. Alessandro, Cristian, Elias e Douglas querem mostrar a fiel torcida que as jogadas não saem por um lado só.

Ah sim, os alvinegros têm Ronaldo. Não marca faz um tempinho, mas é Ronaldo.

E como o Inter poderia reverter tudo isso? Apostando na partida de volta, no Beira-Rio. Se Tite conseguir com que a marcação de sua equipe aguente a ida no Pacaembú, terão o reforço de Kléber e, claro, Nilmar, para repetir as atuações que tanto encantaram e fizeram o Brasil inteiro temer a cor vermelha em 2009.

Vale vaga na Libertadores. Um quer celebra-lá no ano do centenário, ao passo que o outro quer fazer dela a atração da festa que virá em 2010. Não sei vocês, mas é esse o clima de final que eu gostaria de ver no Brasileirão.

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