Aonde vamos parar?

15/03/2010 16:21

Todas as circunstâncias levavam a crer que o clássico entre Santos e Palmeiras seria uma partida tranquila para o time da Vila Belmiro. Time com o melhor futebol apresentado neste começo de ano, o Peixe vinha embalado por conta da goleada estratosférica por 10 a 0 sobre o Naviraiense. Já o Palmeiras amargava a irregularidade neste começo de ano, aliado a doses de sorte, como na vitória diante do São Paulo.

Porém, o que se viu foi a melhor partida no ano de 2010. Muitos dribles, belos lançamentos e muita emoção. Um 4 a 3 para encher os olhos de quem viu a partida e esquentar de vez a briga pelas quatro vagas para as semifinais do Paulistão.

Todavia, este post não é sobre a partida em si, e sim sobre algo que cerne e faz parte do futebol e, principalmente, dos clássicos: a provocação. É de conhecimento geral que o time do Santos adotou uma prática diferente (e muito comum, por sinal) na hora de comemorar seus gols. Dancinhas, encenações, como queiram definir: os momentos logo após os tentos santistas são motivo de discussão. Até que ponto eles são válidos apenas como comemorações e em quais ocasiões se tornam motivo de provocação.

Neste caso, digo que as comemorações dos jogadores do Santos são válidas sim, como parte do espetáculo. Quem não gosta de ver a felicidade dos jogadores? Quem não repercute as dancinhas como algo engraçado, que traz alegria aos torcedores? Essas comemorações são apenas reflexo do futebol moleque e irreverente que o Santos resgatou neste ano e que não se via desde 2002, com a geração de Robinho e Diego.

Porém, no clássico de ontem, os jogadores palmeirenses também fizeram dancinhas após seus gols. E isso também é válido! Como dito anteriormente, faz parte do futebol, do clássico, da emoção da partida. É gostoso de ver isso. As provocações apimentam mais os jogos e até fazem os jogadores se doarem mais em campo para respondê-las na bola. Portanto, só quem ganha com isso são os torcedores, que acabam por assistir um espetáculo irreverente e não burocrático, como o futebol brasileiro sempre foi.

O problema é como as comemorações santistas repercutem fora de campo. Parece que existe um movimento contra o futebol moleque do Santos. Após a vitória do Palmeiras ontem, muitos torcedores, mesmo sem ser palmeirenses, desferiram frases em favor do resultado negativo do Peixe. Ouvi e li absurdos como “É bom mesmo, pra esses moleques aprenderem” e “Se quiser dançar, vai pra balada”. É inadmissível esse tipo de comportamento, inclusive vindo de torcedores brasileiros.

Então quer dizer que agora não se pode mais jogar com irreverência? Vamos então agora praticar o futebol burocrático, sem graça e frio? Não importa mais a cultura brasileira da ginga, o que importa é a truculência e o jogo feio? Uma vergonha ouvir de pseudo-torcedores frases como estas. Se não fosse a nossa irreverência e nosso futebol moleque, não teríamos todo o reconhecimento que conquistamos pelo mundo afora. Se não fosse o jeito brasileiro de jogar futebol, não teríamos revelado para a história todos os craques que imortalizaram o Brasil. Pelé, com 17 anos, deu um chapéu em uma final de Copa do Mundo. Nessa hora, ninguém é de criticar.

Fica o recado para essas pessoas. Pensem muito bem antes de soltar injúrias sem tamanho como estas. Pois, senão, perderemos muito mais do que o futebol moleque e irreverente. Perderemos também o orgulho de dizer: sou brasileiro, esse é o meu jeito de jogar futebol. Este é um post de indignação contra as asneiras que energúmenos acabam profanando em virtude de paixões desmedidas. Se gabam de uma pseudo-demagogia pós-vitória e vomitam "argumentos" respaldados em opiniões errôneas e sem fundamentos. É desse tipo de gente que o futebol brasileiro não precisa.

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