Apertura na cabeça

24/08/2009 19:26

No início do Torneo Apertura, o número alto de gols de cabeça chamou a atenção. Desde o grandalhão Leandro Lazzaro, do Tigre, até o pequenino Hauche, do Argentinos, foram nove dentre os 23 marcados nesta 1ª rodada. Um fato curioso, mas longe de ser surpreendente, pois reflete a deficiência das defesas argentinas em relação a esse problema, mesmo na seleção alviceleste.

Contudo, um destes times costumava ser mais sólido em momentos de bolas alçadas na área. O Boca Juniors, ainda que não possa se orgulhar do nível de futebol que mostrava no Clausura, ao menos podia se contentar com uma dupla de zaga pouco suscetível a falhas. Só que Paletta voltou, e com ele a mesma vulnerabilidade de tempos atrás. Afinal, como aceitar que ele, com 1,86m, possa ter permitido o gol de Hauche, de 1,68m?

Verdade que seria tremendamente injusto jogar a culpa da quase derrota sobre os ombros de Paletta. O setor de meio xeneize criou muito pouco no primeiro tempo, melhorando só quando Rosada e Marino, salvador da pátria com dois gols, entraram em campo.

Foi uma mostra de que Riquelme fez falta e isso até tem seu lado positivo, pois a perspectiva de melhora com a volta dele existe. Mas depender de um jogador tão inconstante é um grave problema para quem quer a volta olímpica. Quanto ao Bicho, demonstrou que os reforços, principalmente Dominguez, farão com que o clube tenha mais dignidade nesse Apertura.

Para consolo do hincha xeneize, existe uma zaga ainda mais permissiva aos ataques inimigos que a do Boca. Para que a felicidade se multiplique, essa zaga é a do River Plate. Cabral e Coronel mal viram o que os atropelou quando Santiago Silva marcou um gol relâmpago para o Banfield. E os laterais Ferrari e Villagra pareciam tartarugas diante dos ataques rápidos da equipe do sul, que resultaram no 2x0 conferido por Sebá Fernandez.

Azedando ainda mais o humor dos millonários, a dupla Ortega-Gallardo ficou devendo em criatividade e entrosamento o que lhes sobra em experiência. De quebra, o fato deles serem titulares em má fase está irritando o promissor Buonanotte que pensa até na sua até hoje adiada mudança para ares europeus.

E, sinceramente, era pedir demais esperar situação melhor. Sem reforços e sem Falcão García, a realidade de Pipo Gorosito a frente do River não tende a se suavizar nem mesmo diante da torcida em Nuñez. A única coisa possível para eles, e mesmo assim apenas para que as coisas não piorem, é insistir na permanência de Buonanotte. A chegada de Cvitanich também seria linda, mas inimaginável por agora.

Quem não parece precisar de atacantes novos é o Lanus. Viu um show de habilidade de Sálvio, e outro de decisão por parte de Santiago Salcedo, substituto de Pepe Sand. Vencer o Huracán no Parque de los Patrícios foi mais que simplesmente começar o Apertura com três pontos, foi impor respeito como o time que melhor arranca na direção do título, embora seja cedo para previsões.

Quanto ao Globo, esse perdeu o encanto no vento da janela de transferências. Pastore, Nieto e, recentemente, De Federico eram parte importante, quase vital para o futebol bonito do time de Angel Cappa. Alias, o próprio técnico já reconhece as limitações do próprio elenco, ou seja, não devemos ver o Huracan brigando la em cima.

Falei do vice, agora é hora do campeão. Alguns podem dizer que o Vélez Sarsfield teve estrela para vencer em Santa Fé. Estão muito certos. O Colon foi muito mais time, provando alias que não sentiram tanto a saída de Prediger. Mas se nos recordarmos do próprio Clausura passado, era com essa eficácia que o Fortín passava por seus maiores desafios rumo ao título.

E assim começou o Apertura 2009, com a novidade de que não fica só na cabeça dos hinchas, mas também na dos artilheiros do fim de semana. E, se os técnicos forem espertos, ficará na deles para que corrijam esse defeito sério nas defesas dos clubes da Argentina.

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