Argentinos (ainda) com saudade de casa

12/03/2009 20:13

Uma vitória, um empate e seis derrotas. Quem olha de relance pensa que é o desempenho de um time pequeno ou mesmo de um técnico recém-demitido. Só que essas são as estatísticas dos times argentinos nos jogos fora de casa pela Libertadores 2009. Uma situação de tamanha alarmância, tanto que se a fase de grupos terminasse do jeito que está, só o Boca Juniors conseguiria a classificação.

Seria errado dizer uma razão só pra esses fracassos somente por serem equipes que são limitadas pelas mesmas fronteiras nacionais. Então vamos analisar cada clube para tentar entender: por que os argentinos estão jogando mal longe de casa?

A situação mais surpreendente talvez seja a do San Lorenzo. Estreiou goleando os mexicanos do San Luis por um 4x1 bastante contundente, com show do atacante Silvera. Mas em Lima o Ciclon que se via era totalmente outro. Os jogadores após a partida culparam a altitude num ato de companheirismo, pois foi visível que o time piorou após a expulsão infantil de Bottinelli que resultou no penalti decisivo da partida.

No jogo mais recente, em Assunção, os Cuervos foram mais valente enfrentando o Libertad. Não era um futebol de se encher os olhos, mas certamente batia a exibição feita no Peru. Uma vez mais o culpado foi um homem só: o goleiro Centeno ao falhar nos dois gols do adversário paraguaio.

Então o que falta? Controle emocional aos jogadores, principalmente aos de defesa. E um pouco de sorte, já que o elenco está sendo muito desfalcado por seguidas lesões.

Outro time que causa estranheza ao torcedor é o Lanus. Tem um elenco de tal qualidade que quase chegou as finais do Apertura passado numa arrancada espetacular e hoje está na ponta isolada do Clausura 2009, ainda que seja cedo pra se vangloriar disso. Contam com os promissores Salvio e Blanco além da experiencia de Sand e da volta do armador Valeri. Pois nada disso está se refletindo em resultados a nível continental.

Em casa veio a primeira decepção ao ter que se contentar com um empate no finzinho do jogo contra o Chivas (MEX). Na Venezuela a então retrancada equipe de Luis Zubeldia caiu diante do Caracas e por sorte levou um pontinho de Viña del Mar depois de resistir aos constantes ataques do Everton (CHI).

Então o que falta? Nota-se que a falta de experiência internacional atrapalha, mas isso não se ganha da noite pro dia. De maneira que o melhor remédio para o time sulista é sair mais pro ataque, aonde está todo o talento na equipe argentina.

No Estudiantes os fracassos já causaram uma vítima: o DT Leo Astrada. Ainda que demonstre falta de fé no planejamento, demitir Astrada parecia mesmo ser o melhor para os Pinchas, já que o rendimento em campo era o mais baixo visto nos últimos anos. No nacional conseguiram míseros 4 pontos em 5 partidas, e na Libertadores apenas uma vitória magra contra o fraco Universitário de Sucre (BOL) no Ciudad de La Plata.

Quanto aos outros jogos? Vergonha. Foram arrasados em BH contra o Cruzeiro e no Equador contra o Dep. Quito.

Então o que falta? Segundo declarações do capitão Veron, falta raça, atitude. Eu concordo e adiciono a falta de concentração de uma equipe que perde vários passes e se perde constantemente na defesa. A esperança é que de técnico novo (os favoritos são Gamboa e Pumpido) todos possam se empenhar mais, inclusive a própria Brujita.

O que menos surpreendia pelo mal-desempenho era o River Plate. Afinal se nem mesmo em casa os millonários eram absolutos, por que isso mudaria nos outros campos sul-americanos?

Na estréia contra o Nacional paraguaio o triunfo só veio graças ao gol mal-validado de Falcão Garcia, que recebe a bola de Buonanotte em posição irregular. Por não se dar conta disso, o River foi com a mesma mentalidade enfrentar o San Martin (PER), e pelo segundo ano consecutivo perderam por 2x1 lá em Lima.

Então o que falta? Faltava criatividade no meio-campo e consistência na defesa. Porém na vitória épica do domingo passado contra o Arsenal a equipe mostrou uma melhora significativa graças ao Muñeco Gallardo. Com ele e Fabbiani 100% e de títulares, é muito possível que o time de Gorosito se recupere.

A única vitória argentina fora de casa nessa edição da Libertadores foi do Boca Juniors. Então por que criticá-lo junto com os outros? Por não terem convencido ninguém de que os 3 pontos foram merecidos.

Passes errados que pareciam nao acabar mais, falta de apoio ofensivo nas laterais, poucas finalizações. Tudo isso rendeu um péssimo jogo dos xeneizes na Venezuela contra o Deportivo Táchira. Graças a Figueroa que o time do DT Ischia descansa agora na liderança do fraco grupo 2.

Então o que falta? Pra conseguir a classificação nada, pois os adversários não ameaçam. Mas para manter a pose de favorito a evolução precisa acontecer agora. O principal ingrediente que falta ao bolo xeneize é Riquelme. Ele está em campo, mas seu futebol não condiz com sua história e nem mesmo com a polêmica que criou sobre nunca mais ir a seleção argentina. Outra coisa da qual carece o Boca Juniors é continuidade. Ischia precisa logo achar seu time titular, pois suas constantes mudanças seguidas por arrependimento no segundo tempo atrapalham muito a equipe de achar seu estilo de jogo.

A única coisa em comum entre todas as equipes que representam a Argentina na Libertadores? Precisam se organizar com urgência. Afinal, não só de vitórias em solo nacional vive um time classificado, menos ainda um campeão.

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