Ave Cesar!

30/07/2009 15:14

Cesar Cielo Filho.

Eis um nome que irá ficar marcado na história do esporte brasileiro.

Único campeão olímpico da natação, nos 50m livre. E agora campeão mundial dos 100m livre, a prova mais tradicional da natação. De quebra, o recorde mundial. O primeiro atleta a nadar a prova abaixo de 47s.

Cesão, como é carinhosamente apelidado, chegou no balizamento com o rosto confiante. Confiante até demais para alguém que não era o favorito da prova. Na mesma piscina, nadariam os dois melhores atletas franceses: Alain Bernard, campeão olímpico e recordista mundial; e Frederick Bousquet, companheiro de treino de Cielo nos EUA, alguém que conhece o jeito de o brasileiro nadar.

Porém, com o porte de um imperador, soberano e temido, Cielo começa seu ritual. Vai até a beirada da piscina, molha o rosto. Bate com raiva nos músculos do peito como quem quer despertar uma fera adormecida. Olha para o céu. Levanta o dedo. O guerreiro está preparado.

Nadou como nunca. Venceu como sempre. Cielo fez a torcida brasileira arrepiar novamente como já havia feito ano passado, quando conquistou o ouro olímpico. Fez os franceses ficarem de queixo caído. O brasileiro é o homem mais veloz das piscinas.

Com o peito vermelho, comemorou como um gladiador que acabara de vencer mais uma disputa no Coliseum. Porém, no lugar da terra batida e dos leões ensanguentados, a água é o ambiente de consagração do guerreiro verde e amarelo. Seus braços não carregam espadas nem escudos. O lutador traz consigo a consagração da vitória. E, como os gladiadores, a consagração da história. Tão sonhada. Hoje realizada.

No pódio, ao receber os louros de sua conquista, o guerreiro mostrou porque é o melhor. Cumprimentou os atletas franceses derrotados por ele, evidenciando um lado competitivo e, principalmente, humano.

Quando o hino nacional começou a tocar, Cielo olhava atenciosamente a bandeira a ser hasteada. Parecia sereno. No meio do hino, no entanto, começou sua batalha mais difícil no dia: tentar conter a emoção. Não conseguiu. O herói brasileiro foi reverenciado pelos outros atletas e pelo público italiano. Todos começaram a aplaudí-lo de pé. E com razão. Até Michael Phelps, o maior nome da história das Olímpiadas, se rendeu ao talento do brasileiro. Ao ser questionado sobre sua decisão de não disputar os 100m livre, Phelps declarou: "Acabei de ver o César Cielo nadar e tive uma certeza: eu não ganharia esta prova de jeito nenhum."

Ave Cesar! O Imperador de Roma!

Voltar