Brasileirão imprevisível

01/11/2009 22:16

O equilíbrio, doce para quem aprecia uma disputa de título até o final, é inegável neste Brasileirão. É fato que, com o transcorrer dos jogos, o número de concorrentes tende a cair. Nesta rodada mesmo, dois times já passaram a ter uma volta olímpica como objetivo distante. Todavia, se o critério para considerar um favorito entre Palmeiras, São Paulo, Atlético-MG e Flamengo for a regularidade, ninguém poderia sair na frente.

O Alviverde paulista é exemplo forte disso. Contra o Goiás, quando passou a jogar no 3-4-1-2, voltou a se impor como legitimo líder do Brasileirão, com direito a show de Obina. Porém, no clássico de ontem contra o Corinthians, parecia que aquele Palmeiras havia perdido a viagem para Presidente Prudente. Os mesmos problemas de criação de jogadas que causaram as derrotas contra Flamengo e Santo André fizeram Muricy Ramalho sofrer.

Apesar dos pesares, o empate é algo a ser comemorado, sim, pelo torcedor palmeirense. Enfrentar De Federico e Ronaldo em tarde inspirada já é difícil. Num calor intenso e com um jogador a menos fica pior ainda. Foram necessários lances de bola parada para surgirem heróis improváveis: Figueroa nos cruzamentos, Danilo e Maurício nas finalizações de cabeça.

Outro dependente das jogadas de bola parada parecia ser o São Paulo. Diante do Inter, conseguiram o gol com Washington num escanteio, e depois lotaram a própria zona de defesa para administrar o resultado. Nada que seja condenável, mas se Ricardo Gomes quer ser campeão, precisa mostrar um repertório mais variado, para o caso de jogos onde o jogo aéreo não funcione.

Contra o Barueri, é bem verdade que a intensidade do jogo ofensivo Tricolor foi bem maior. Só não venceram por uma margem de gols maior por falta de precisão nas finalizações de Washington. Mas a bola aérea ainda era um recurso utilizado à exaustão. O próprio gol da vitória, de Jorge Wagner, surgiu de um cruzamento de Hernanes. Porém, de qualquer forma, fato é que o São Paulo encostou de vez líder e arquirrival.

Mas para não perder o foco dos times imprevisíveis, basta lembrar do Galo mineiro. Num jogo, eles caem diante do ex-lanterna Fluminense. No outro, calam o Serra Dourada contra o bom elenco do Goiás. Por incrível que pareça, foi mais fácil vencer em Goiânia, pois o desespero do adversário criou os contra-ataques que não apareceram no Maracanã. O Atlético também está vivo na briga, mas também precisa ampliar o arsenal de jogadas.

Indo pelo caminho oposto, para alegria da nação rubro-negra, está o Flamengo. Se contra o Barueri sentiram falta de Petkovic, contra o Santos ele não foi tão necessário. Adriano quase se bastou sozinho, tendo feito o gol e quase ampliando na segunda etapa. O herói da noite mesmo foi Bruno, ao pegar dois pênaltis, mas saber que é possível vencer sem Pet foi ainda mais animador.

Levando pelo mínimo de lógica que é possível considerar, estes são os quatro candidatos remanescentes ao título. Matematicamente, seria justo lembrar também do Inter. Só que o time de Mário Sérgio desce a ladeira, tendo decepcionado contra o São Paulo, e fazendo de Jefferson o herói botafoguense no Beira-Rio ontem. Uma triste exceção a irregularidade, pois estão regularmente perdendo rendimento.

Ao Cruzeiro, o objetivo da glória máxima parece igualmente complicado, pois existe um hiato de sete pontos. Mas o time de Adilson Batista é campeão quando se fala em inconstância num jogo só. Fizeram um primeiro tempo perfeito contra o Fluminense, para permitir uma virada incrível no segundo. Muito embora os méritos para Cuca sejam merecidos pela felicidade nas alterações que mudaram a cara do time, cada vez mais vivo na luta pela permanência.

Quem quiser se basear no elenco ou nos próximos adversários de cada um para buscar um favorito pode até achar um escolhido para apostar. Só que neste Brasileirão 2009, a única verdade absoluta é a que diz que tudo é imprevisível, tanto em cima quanto embaixo.

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