Crise de identidade

10/09/2009 18:07

Simplesmente mais do mesmo. Assim foi o desempenho da Argentina contra o Paraguai.

Por essa razão, e pelo fato de qualquer análise feita hoje se tornar um pleonasmo ainda maior, opto por passar minha visão de torcedor neste texto. Um ponto de vista meu, mas que partilha de sentimentos pelos quais estão passando toda a hinchada argentina.

Assim como todos os outros, me preocupo muito com a classificação para o Mundial. Não estar na África do Sul é uma idéia assombrosa, e precisar fazer contas, torcendo contra seleções menos expressivas é deprimente.

Contudo, o pior não está nisso. Uma colocação incômoda pode ser resolvida com vitórias, ainda que hoje elas pareçam cada vez menos possíveis.

O que me deixa triste de fato está puramente no que vejo em campo, mesmo estando longe.

Sempre defendi que minha paixão pela seleção albiceleste encontrava liga no futebol apresentando na cancha.

Os títulos são válidos, mas os espero como ‘obrigação’ do Boca Juniors. Vendo a Argentina, eu esperava pelo encanto, culminando com vitórias.

Ironicamente, é sob a batota do homem que melhor fez justiça a essa máxima que a seleção se encontra no momento mais negro que eu já pude presenciar. Não só pelas derrotas, mas pela maneira com que elas chegam.

Um meio-campo inexpressivo, perdido com a bola nos pés. Atacantes que, ao buscar muito isoladamente, acabam igualmente sem nada. Defensores com uma insegurança terrível. A soma disso tudo produz um futebol ainda mais triste que as derrotas em si.

Tristeza baseada na confiança. Sei que alguns desses jogadores podem fazer muito melhor, encantando e ganhando.

Não peço pelo “Toco y me voy”, embora seria magnífico. Peço pelos dribles, pelos passes refinados e pelos gols ausentes a tanto tempo.

Desde a chegada de Dieguito, precisamente. Sempre me pego perguntando se não seria inveja dele para com uma Pulga que pode se tornar maior que o D10s.

Seria fácil se simplesmente acreditasse nisso. Porém, nem Messi e nem ninguém se exaurem de culpa em nada.

Mesmo assim, espero o melhor para ele e sua geração. Ficar fora da Copa seria um aprendizado, mas ao mesmo tempo seria doloroso. Para jogadores e para um país inteiro.

No entanto, a dor maior não se encontra nesse risco de não ir ao Mundial, Está na realidade de que a Argentina, em sua essência futebolística verdadeira, sequer disputa as Eliminatórias.

Voltar

Comentários

Nenhum comentário foi encontrado.