Crise econômica

23/07/2009 12:31

Crise econômica? Essa é uma realidade que parece estar cada vez mais distante do mercado da bola europeu. Principalmente quando se vê os exemplos de Real Madrid e Manchester City. Tanto Florentino Perez, presidente dos ‘Galácticos’, como o Sheikh Mansour bin Zayed Al-Nahyan, dono dos azuis do norte da Inglaterra, não pouparam esforços e nem grana para poder reforçar seus clubes no intuito de brilhar na temporada 2009/10.

E quando se fala de grandes contratações, impossível não lembrar dos Merengues madrilenhos. As três maiores compras da história deste esporte bretão foram feitas por eles, sendo duas delas nesta temporada. Nada mais, nada menos que os dois últimos futebolistas eleitos pela Fifa como melhores do mundo nas temporadas 2007/08 e 2008/09: Kaká e Cristiano Ronaldo.

O brasileiro ex-Milan custou €65 milhões, enquanto para trazer o português ex-Manchester United, foram necessários €94 milhões. Somando ainda as aquisições do francês Benzema, ex-Lyon, dos espanhois Raul Albiol, ex-Valência, Álvaro Negredo, ex-Almería, ex-Getafe Esteban Granero e o ex-Liverpool Álvaro Arbeloa, os gastos do Real Madrid chegam a incrível quantia de €222 milhões. E esse prejuízo ainda pode aumentar caso se concretizem a especulação da chegada de Xabi Alonso, também do Liverpool.

Por enquanto, o valor das vendas dos madrilenhos está muito longe de abater o valor das compras. Apenas Saviola e Javi García deixaram o clube, os dois rumo ao Benfica, rendendo ‘míseros’ €12 milhões. Entretanto, o faturamento com camisas oficiais pode ajudar bastante, visto que só no primeiro dia, os fãs dos galácticos adquiriram 600 camisas com o nome ‘Kaká’, e 3 mil com o nome ‘Ronaldo’.

Mas de onde Florentino Perez teria tirado tanto dinheiro? Seguindo o mesmo rumo de qualquer pessoa desesperada por grana: pegando emprestado. Pelo menos foi o que publicou o site espanhol de negócios Expansion. Florentino teria negociado com o banco Caja Madrid uma linha de crédito no valor de €75 milhões e outra com o Santander no mesmo valor, além de um empréstimo direto, totalizando €225 milhões cedidos pelas duas empresas. A operação foi garantida pelo dinheiro oriundo das cotas de TV.

Quanto ao dinheiro do Manchester City, todos sabem sua procedência: a poderosa família bin Zayed Al-Nahyan. Graças a isso, vários jogadores foram especulados como contratações do clube: Messi, Cristiano Ronaldo, Forlan, Eto’o. Porém, a mais famosa proposta do City foi por Kaká. Quem não se lembra da impressionante oferta de 100 milhões de libras que fez Silvio Berlusconi sorrir, mas que não foi suficiente para atrair o craque brasileiro?

Como nesta temporada eles não vão disputar nenhuma das copas européias, os valores foram menos extravagantes, ainda que mesmo assim tenham conseguido trazer jogadores talentosos. Emmanuel Adebayor, artilheiro togolês que veio do Arsenal, e Carlitos Tevez, ex-ídolo do rival Manchester United, foram os mais caros: ambos custaram €29 milhões. Como o City ainda se reforçou com Barry, do Aston Villa, Kolo Toure, do Arsenal e Santa Cruz, do Blackburn, tem a honra de ser o 2º maior gastador desta janela (€111,8 milhões).

Com a vinda dos galácticos em Madri, de Nilmar para o Villarreal e de Ibrahimovic para a capital da Catalunha, a Primera División da Espanha fica no topo das ligas que mais investiram em reforços, chegando a desembolsar €386,3 milhões. Contudo, a Série A do cálcio italiano também merece destaque, pois mesmo sem terem feito compras exageradas, os clubes da velha bota contrataram em grande quantidade, fazendo o valor total atingir incríveis €368,4 milhões. Três clubes se destacam entre os maiores 'gastadores' da Itália.

Para fazer bonito na ‘nova’ Liga Europa (antiga Copa da Uefa), o Genoa trouxe uma legião de futebolistas. Sem contar aqueles que voltaram de empréstimo, são 15 novas aquisições. Juntando todos, a grana desembolsada chegou a €63,6 milhões. Destaque para os italianos Acquafresca, Moretti e Floccari, e para os argentinos Palácio e Crespo.

E as grandes potências também querem se impor. A tetracampeã Internazionale divide com a tradicional Juventus o posto de ter a contratação mais cara desta janela para os italianos. As duas foram compras ‘domésticas’: Diego Milito, trazido do Genoa para Milão, e Felipe Melo, antes da Fiorentina e agora em Turim, ambos no valor de €25 milhões.

Mas a Inter já conseguiu um negócio fantástico para suavizar o prejuízo financeiro das contratações (€77,5 milhões). Trocou seu principal artilheiro e ídolo, Zlatan Ibrahimovic, por outro dos grandes atacantes da atualidade: Samuel Eto'o. Além disso, ainda receberá €45 milhões e o empréstimo do meia bielorrusso Hleb por um ano. Embora pareça que o time neriazzuri tenha levado vantagem por conta da grana que vai embolsar, não será nada mal para os catalães contar o centro-avante sueco para se manter no topo da Europa.

Em contrapartida, outros clubes no velho continente preferem ser mais discretos quanto à janela. Milan e Manchester United, clubes que lucraram com as ambições de Florentino Perez, parecem preferir usar o dinheiro para outros fins.

O time rossonero comandado por Leonardo faturou €80 milhões comercializando Kaká e Gourcuff (agora no Bordeaux-FRA), mas com os reforços dos modestos Di Gennaro, Abate e Beretta, só precisaram gastar €7 milhões. E a única proposta real até agora é a por Luis Fabiano, mas com a má vontade nas negociações por parte do Sevilla, o ganho de €73 milhões já parece certo.

Do lado dos Red Devils, os possíveis substitutos de Cristiano Ronaldo custaram pouco ao clube do técnico Alex Ferguson. Os jovens Adem Ljalic (17), Gabriel Obertan (20) e Antonio Valencia (23) não custaram sequer metade da grana ganha com o português (€32,4 milhões somando os três). De quebra, ainda conseguiram o reforço de Michael Owen sem precisar pagar nada ao Newcastle.

Apesar destes precavidos, esta janela deixou algo bem claro. Seja mirando o sucesso no campeonato nacional, na Liga Europa ou na Liga dos Campeões da Uefa, alguns clubes europeus continuam sem medir esforços para tentar montar o melhor elenco possível. Com ou sem crise econômica mundial.

Top 5 Clubes

1º- Real Madrid – 222 milhões de euros
2º- Manchester City – 111,8 milhões de euros
3º- FC Barcelona – 84,5 milhões de euros
4º- Inter de Milão - 77,5 milhões de euros
5º- FC Genoa 1893 – 63,6 milhões de euros


Top 5 Países

1º- Primera División (Espanha) – 386,3 milhões de euros
2º- Série A (Itália) – 368,4 milhões de euros
3º- Premier League (Inglaterra) – 307,9 milhões de euros
4º- Ligue 1 (França) – 200,7 milhões de euros
5º- Bundesliga (Alemanha) – 1663 milhões de euros
 

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