Dono do terreiro

17/06/2009 21:46

O Atlético-MG tem muito significado pra mim, e não só por ter sido o primeiro vencedor do Campeonato Brasileiro. Falo de significado pessoal mesmo. É o time do meu avô, do meu pai e de um dos meus melhores amigos. O Galo me desperta um carinho profundo. Qual não é minha satisfação, portanto, ao ver o número 1 postado à esquerda do nome do Clube Atlético Mineiro na tabela do Brasileirão, à frente de equipes amplamente mais qualificadas.

Desde que retornou da segunda divisão, em 2006, o Atlético tem agido como um clube que se recusa a perceber que deixou de ser grande. 2007 terminou com o título mineiro na bagagem, após goleada acachapante sobre o Cruzeiro, e uma honrosa oitava colocação no nacional, o que projetou grandes expectativas para 2008. Todas prontamente frustradas no Campeonato Mineiro, com a goleada devolvida pela Raposa, e liquidadas de vez no Brasileiro, onde o time flertou com o rebaixamento por muitas rodadas até ser salvo pela garotada.

Após esses momentos amargos, agravados pela crise interna que culminou com a renúncia do presidente Ziza Valadares, era hora de botar a cabeça no lugar e finalmente encarar a verdade. O Atlético ficou para trás, e não há nenhuma vergonha em reconhecer isso. É definitivamente melhor do que nutrir falsas esperanças e acumular decepções. 2009 começou assim, sem muito alarde, sob a batuta do competente Alexandre Kalil, e o time engrenou. A perda do título estadual com nova goleada contra chegou a chacoalhar um pouco as estruturas, mas sem ameaçar de fato a estabilidade.

O segredo foi não se iludir com a boa campanha. Talvez a derrota na final do Mineiro e a desclassificação da Copa do Brasil, ambas muito próximas, tenham contribuído para baixar a bola, mas, independentemente dos motivos, o Atlético não tocou o barco de queixo erguido, como se fosse automaticamente candidato ao título desde sempre. Ninguém falou desse assunto abertamente. E assim, jogando um futebol agradável, engatado e confiante, o Atlético vai fazendo o seu.

Diego Tardelli e Éder Luís estão afinadíssimos na frente, apoiados pelo toque de classe provido por Júnior. Carlos Alberto e Thiago Feltri fazem um sóbrio par de laterais. Welton Felipe cresce na zaga. O melhor goleiro do interior paulista (e o interior paulista tem um bocado de bons goleiros), Aranha, chegou para suprir a maior deficiência que ainda existia. Ainda há ajustes a serem feitos no meio, que pode ser mais dinâmico e evitar o desenvolvimento de uma dependência das descidas em velocidade. Celso Roth, por sua vez, sinaliza a segunda temporada seguida tirando impressionante produtividade de um grupo do qual pouco se esperava.

É bom ver o Galo revigorado. É saudável ao futebol ver um antigo colosso renascendo. E é ainda mais saudável para mim ver um clube tão querido com um sorriso largo no rosto.

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