É de pequenino...

09/01/2009 20:45

 

Todos os holofotes do futebol brasileiro do Brasil (expressão proposital, algum dia explico) estão presentemente voltados para a Copa São Paulo, picadeiro onde os aspirantes a boleiros podem exibir seus dotes ludopédicos para empresários, clubes, comentaristas e torcedores (nesta ordem). Alguns nomes já chegaram para a competição com pinta de craques, como é o caso do são-paulino Oscar e do santista Neymar, por exemplo, dois molecotes já conhecidos de quem acompanha os noticiários esportivos. Porém, um rosto que não veremos pintando e bordando pelos campos paulistas é o de Philippe Coutinho, sensação do Vasco que, no alto de seus 16 anos, foi chamado para fazer pré-temporada com a equipe profissional. Ele pulou o vestibular e entrou por cotas, digamos assim.

Cotas para sósias do Felipe Dylon

O jovem, repare, já está de passagem no bolso e compromisso marcado com a Internazionale, para onde irá em 2010, tão logo complete 18 primaveras. Mas o técnico Dorival Júnior quer observar o rapaz, e o rapaz quer mostrar serviço na Colina enquanto é tempo. Ajudar o time a subir de volta para a Série A é um objetivo, diz ele. Não creio que será tão aproveitado como imagina, afinal de contas a situação do Vasco é delicada e pede um time bem experiente. Pode até ser que o “Cara de Pizza” (apelido do garoto) tenha lá suas chances, talvez em jogos mais desimportantes do estadual ou mesmo entrando em segundos tempos por aí, mas isso não será regra. E não deve botar na cabeça que será peça-chave para a redenção da Cruz de Malta, afinal nem Pelé foi tão precoce.

 

 

Hipóteses à parte, o caso de Philippe Coutinho me lembra a história de Freddy Adu. Nascido em Gana, mas criado nos Estados Unidos, Adu é um meia-atacante que hoje defende o Monaco, da França, emprestado pelo Benfica, onde esquentava o banco. Apesar do momento apagado, sua trajetória é bastante notável.

O gajo

Para começar, ele não tem nem 20 anos ainda. Nasceu em 1989, na cidade de Tema, e desde a mais tenra idade já batia bola pela vizinhança. Mudou-se para a terra do Tio Sam quando sua mãe ganhou, numa loteria, um Green Card, espécie de documento que assegura ao estrangeiro permanência nos EUA com os mesmos direitos do cidadão americano. Na escola, Adu pulou duas séries para poder jogar no time de “sóquer”. Destacou-se num torneio e a partir daí foi galgando degraus, até chegar na MLS, a Major League Sóquer, divisão de elite do futebol por lá.

 

Adu foi contratado pelo DC United, de Washington, em 2004. A bem da verdade, quem primeiro chamou o menino para conversar foi o Dallas Burn, do Texas, mas a liga achou que seria melhor ele jogar em um time mais perto do estado de Maryland, onde morava, e convenceu o Dallas a desistir do negócio (em troca de uma compensaçãozinha, claro). Então, com 14 anos, em abril de 2004, ao estrear contra o San Jose Earthquakes, Freddy Adu virou o jogador de sóquer mais jovem da história a pisar no capim da MLS. E marcou seu primeiro gol na mesma temporada, contra o New York MetroStars (hoje Red Bull New York), tornando-se também o mais imberbe moço a registrar um tento nas súmulas da liga.

Freddy Adu diz: "Meninos bons como eu só tomam sopa Campbells!"

Depois do DC, Adu transferiu-se para o Real Salt Lake, onde ficou por poucos meses antes de embarcar para Portugal, vendido ao Benfica por 2 milhões de dólares. Teve passagens de sucesso pelas seleções de base dos Estados Unidos, sempre pulando etapas: com 13 anos, jogava na Sub-17. Com 15, na Sub-20. Com 18, na Sub-23. Estreou no combinado principal em 2006, num amistoso contra o Canadá (só lembrando: 16 anos). Anotou seu primeiro gol internacional no ano passado, contra a Guatemala, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa de 2010. Antes disso, havia participado das Olimpíadas de Pequim, mas não evitou que os ianques ficassem na primeira fase.

 

Freddy Adu, claro, foi um caso à parte num país pouco habituado a craques com a bola redonda. No Brasil é mais comum vermos adolescentes talentosos fazendo estripolias futebolísticas. Assim como é muito comum perdermos esses adolescentes ainda muito novos, como será o caso de Philippe Coutinho. Se ele tem mesmo toda essa virtuosidade, não sei, nunca o vi jogar. Mas, se tiver, vamos aproveitar pra ver enquanto dá. Porque depois, só pela TV a cabo.

"ABC/ABC/Toda criança tem que ler e escrever..."

 

 

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