Vale a pena ver de novo?

12/08/2009 15:16

Após as vitórias contra França, Venezuela e Colombia, o papo/consolo era sempre o mesmo: o futebol não agrada, as falhas preocupam mas o triunfo é bom pela tranquilidade que traz. Estava pronto para comentar e celebrar mais um resultado bem-sucedido de Maradona e seus subordinados, dessa vez por 3 x 2 contra a Rússia, quando me dei conta dessa realidade congruente entre esses jogos.

Antes de explicar a razão de isso ser algo preocupante, falemos do amistoso na terra da vodka e dos inimigos do 007.

O primeiro tempo foi marcado por um dominio territorial e de volume de jogo por parte dos comandados de Guus Hiddink. Por vezes eles chegavam ao campo de ataque trazendo preocupação a zaga albiceleste. Não chegaram a ser letais de modo que pudesse causar um desastre, só que no lado esquerdo eles acharam o caminho para o tesouro. De lá saíram todas as jogadas de perigo da Rússia, dentre elas o gol, marcado por Igor Semshov.

A Argentina, para reagir, mostrava disposição até de certa forma incomum para um amistoso. Entretanto, essa vontade de empatar esbarrava na falta de criatividade do meio-campo. Uma vez mais, as jogadas de velocidade precisaram ser a saída, mas até elas estavam se mostrando infrutíferas. Até que num lance fortuito no finzinho, Aguero recebe na entrada da área e fuzila Akinfeev num belo chute para empatar tudo.

Nos 45 minutos finais, uma movimentação relampago fez com que Licha Lopez marcasse logo após o recomeço da partida. O ânimo da virada ajudou a seleção a tomar conta da posse de bola que, em sua maioria, era dos russos. Ainda assim, foi num contra-ataque que saiu o terceiro gol, numa arrancada puxada por Aguero e finalizada pelo estreante Dátolo.

A partir daí, o ímpetuo dos anfitriões de não querer perder diante da torcida e a acomodação argentina foram as causas da retomada, de forma moderada, do domínio do volume para a Rússia. Pavlyuchenko entrou e participou de várias das tentativas de reverter a situação, todas elas pelo lado direito. Porém, foi num tiro livre mal cobrado que o atacante do Tottenham conseguiu vencer Andujar e diminuir a vantagem, que acabou se mantendo até o final.

Ok, um amistoso que a Argentina começou perdendo, mas conseguiu se recuperar para virar e segurar o triunfo em terras adversárias. O que pode ter de terrível nisso? O mesmo que nos outros casos citados no primeiro parágrafo: o futuro.

O período do confronto que nos permite uma análise plausível (do ínicio até pouco depois do gol de Dátolo) mostra um time insistente no direito de errar e persistir nas antigas falhas. Zanetti esteve de parabéns por dar conta do craque Arshavin, todavia Heinze, e no segundo tempo Papa, ofereciam verdadeiras avenidas para os russos bombardearem a área protegida por Otamendi e Burdisso (Diaz).

São poucas as jogadas ofensivas criadas pelo setor de meio-campo comandado por Maradona, e o triste é que nem Bolatti atendeu as expectativas de melhorar essa situação. Maxi continua inexpressivo e Gutierrez só velocidade.

No ataque, Aguero se saiu bem na segunda etapa e fez um dos gols, é verdade. No entanto, na maioria das jogadas ele segue sem entender que, por conta dos problemas na criação de jogadas, ele precisa ser uma das valvulas de escape da equipe. Por várias vezes, ele e Milito pareciam cumprir funções trocadas, o que definitivamente não pode acontecer.

E tudo isso é culpa do Maradona? Seria muito fácil e sacana de minha parte dizer isso. Ele precisa, sim, compreender que alguns jogadores em que ele aposta não vem rendendo há muito tempo e precisam dar lugar a outros que vem mostrando melhores condições de serem titulares. Mas a responsabilidade maior é dos próprios jogadores, pois todos os que são convocados tem capacidade de fazer o time jogar um futebol de primeira classe e não chegam nem perto disso.

Isso significa derrota inevitável para o Brasil em Rosário, assim como vieram as derrotas para Bolívia e Equador após falhas não-reparadas? Enquanto a Argentina continuar a revelar jogadores de valor como os de hoje, derrota inevitável, ainda mais em casa, jamais será uma realidade. Contudo, é preocupante para mim admitir que o favoritismo é verde-amarelo, sabendo da importância quase indispensável desses três pontos para que a África do Sul não se torne um sonho distante.

Voltar

Comentários

Nenhum comentário foi encontrado.