23 homens

25/05/2009 23:44

Não consegui enxergar a necessidade de se transformar a convocação de Dunga para os jogos contra Uruguai e Paraguai pelas Eliminatórias em lista definitiva para a Copa das Confederações. A meu ver, essa medida prejudicou um dos aspectos fundamentais que a seleção levada para o torneio pré-Copa do Mundo precisa ter, que é o de teste. Não há necessidade de levar jogadores como, por exemplo, Júlio César, Maicon, Luís Fabiano, Kaká, Juan e outros, que já têm vaga garantida na África do Sul e poderiam muito bem usar o período de descanso (que não terão mais) para se recuperarem da temporada desgastante que enfrentaram. Em lugar disso, embarcarão para um mini-campeonato. Também há o problema de não se poder usar as vagas na equipe para testar jogadores que possam solucionar problemas que ainda temos em certas posições (estou olhando pra você, lateral-esquerda) ou compor uma espécie de "lista de suplentes", uma relação de boleiros já com passagem pela amarelinha que tenham condições de substituir rapidamente um contundido ou cortado do elenco principal.

Não que eu ache que Dunga irira fazer qualquer dessas coisas se as convocações fossem separadas, mas fica registrada a queixa. Também reconheço que o treinador resolveu fazer seus testes, o que é extremamente positivo. Ainda temos indefinições para os cargos de terceiro goleiro e laterais canhotos, além de vagas abertas na reserva da zaga (uma), do meio (duas) e do ataque (uma). Exatamente para estas ofertas de emprego estão aí Gomes, Victor, Kléber, André Santos, Alex, Anderson, Ramires e Nilmar. Sim, alguns destes já foram chamados antes, alguns vêm sendo regularmente, mas não se sente em relação a eles a certeza que existe quanto aos outros integrantes do grupo que estará reunido em junho. Outros jogadores ainda aspiram aos lugares, casos de Marcelo, Thiago Silva, Ronaldinho e Adriano.

De resto, parece bastante seguro afirmar que os outros 15 convocados já podem reservar o dinheiro para a camiseta "I (coração) Johanesburgo" que trarão na volta. Luisão, Felipe Mello e Alexandre Pato parecem os nomes mais arriscados para tanto, o primeiro por ser provavelmente o membro menos badalado da seleção, o segundo por ser o mais novo no grupo e o terceiro por jogar muito pouco e sempre fora de sua posição de conforto. Ainda assim, são 12 os supostamente confirmados. Vale lembrar que Parreira, na última Copa das Confederações, elencou 14 atletas que, no ano seguinte, foram à Alemanha passar vexame. Os números próximos evidenciam que os trabalhos caminham em ritmos semelhantes, apesar de Parreira ter partido de um grupo mais definido e Dunga ter, a princípio, rompido com os nomes do ciclo anterior. A Copa das Confederações de 2001, última antes de 2005 que precedeu um Mundial (houve também a de 2003, na França), contou com apenas quatro jogadores que estiveram também presentes na Copa de 2002, mas houve troca de técnicos entre as competições.

Outro ponto que quero abordar é Ronaldinho. O meia do Milan ficou de fora, depois de figurar em outras listas mesmo sendo irremediavelmente banco em seu clube na Itália. Quer dizer que Dunga se convenceu de que não vale mais a pena tentar? Não é o que me parece. A impressão que fica é a de que o capitão do tetra continua buscando injetar ânimo no Gaúcho, mas resolveu mudar a estratégia. Em vez do paternalismo, agulhadas. "Olha, guri, tu não tem cadeira cativa na minha seleção não. Vê só como eu posso não te convocar. E posso fazer isso na Copa também se tu não te cuidar", parece ser a mensagem do técnico para o ex-melhor do mundo. Creio na presença de Ronaldinho na África do Sul, apesar de não crer que ele vá recuperar a vontade de jogar bola profissionalmente até lá.

Em geral, achei essa a melhor convocação de Dunga em sua era.

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