Argentina na Libertadores = Boca Juniors?

20/03/2009 18:48

Já não se teme mais os argentinos na Libertadores como antes...

Lanus, San Lorenzo e River Plate vivem situações dramáticas já na primeira fase. O Estudiantes ainda pode dizer que está com a cabeça fora d'agua, mas o único a honrar a tradição alviceleste nessa Copa vem sendo o Boca. O mesmo time detentor de todos os títulos argentinos dessa competição nos últimos 14 anos. Será possível que os xeneizes serão os únicos na próxima fase, ainda por cima "beneficiados" pelo fato de estarem num grupo fácil?

Se serve de consolo, enfim o time de Ischia fez uma sequencia de exibições convincentes. Depois do Argentinos Juniors foi a vez do Guarani (PAR) provar de um dia inspirado de Riquelme. Além disso, os laterais, Vargas e até Battaglia subiam ao ataque com firmeza. Verdade que começaram perdendo, mas a pressão que exerceram sobre o anfritião adversário foi sufocante. Ainda que reclamem do gol de empate ter saído de um penal de fato duvidoso, a vitória era consequência do jogo vistoso e do excelente toque de bola, que não foi visto nas primeiras partidas do time auriazul. Os gols da virada foram marcados pela dupla reserva Pa-Pa, mas o titular Mouche também merece destaque por suas jogadas ousadas.

Tanto contra os "bichos" quanto diante dos paraguaios a subida de nível do Boca aconteceu graças a volta do bom futebol de seu 10, que melhorou após abandonar a seleção nacional. Coincidência? Decida você, hermano blogueiro.

Assim como pode refletir sobre outro caso curioso. Porque o Estudiantes resolve brilhar só agora que têm técnico novo?

"Não descobri a pólvora, o mérito maior foi dos jogadores", disse o novo técnico (e enfatizo novo pois é seu primeiro clube como DT) Alejandro Sabella. Mas era clara a diferença, tanto tática quanto psicológica, para o trabalho feito antes por Leo Astrada. Os pinchas estavam mais compactos, pressionavam com firmeza e tinham a garra que Veron tanto pedia publicamente. O 4x0 diante do Dep. Quito veio como mera consquencia.

O futebol já anima, todavia a situação futura ainda não. Jogos dificeis contra o Universitário de Sucre na altitude e contra o poderoso Cruzeiro em La Plata deixam nebuloso o caminho da classificação do Estudiantes. Mas quem sabe o Sabella pode ser o farol de neblina deles? Já é melhor que o escuro total na estrada dos outros 3...

São poucos os que enxergam alguma luz num revés de 3x0. E a vontade foi mesmo de fechar os olhos quando se viu a falha de Barbosa no segundo gol do Nacional uruguaio no estádio centenário. Alguns podem utilizar o fato como muleta para justificar a não-reação do River, que de fato estava num bom momento até a hora da falha. Ainda sim não é desculpa. Pois time que quer reagir não pode jogar longe de sua dupla de ataque, como foi o caso dos isolados Fabbiani e Falcão Garcia.

Mas Gallardo não entrou de titular? Isso é o que mais assusta, pois a fagulha de esperança millonária obtida com o ótimo desempenho dele contra o Arsenal na semana retrasada se apagou em Montevideo. A classificação ainda é palpavel, pois estão por vir 2 jogos em Nuñez e fora de casa os rivais são do Nacional literalmente paraguaio. Só que Gallardo terá de se espelhar no ressurgimento do 10 inimigo Riquelme, pois o River depende muito de um enganche.

Porém ataque não faltou ao Lanús, líder isolado e tranquilo do Clausura. Foi o único time derrotado que não mereceu críticas, afinal teve sua vitória interrompida pelo excelente goleiro argentino do Everton (CHI), Gustavo Dalsasso. Nem com os velozes Biglieri e Blanco, nem com os passes diretos de Valeri e menos ainda com o artilheiro Sand, com ninguém o segundo gol quis sair.

Mas o modesto time do sul caiu na ingenuidade de se descuidar na defesa apenas por estar pressionando mais a frente. Foi o ouro que buscavam os chilenos, que pela primeira vez na história da competição venceram em solo argentino. Aos olhos de quem ve a beleza do jogo Granate na liga local, a classificação é um sonho real. Mas enfrentando o Chivas no Jalisco... Talvez fique pro ano que vem, caso mantenham a ponta da tabela argentina.

Por último porém não menos triste vem o San Lorenzo. Perdeu em casa assim como o Lanus, mas com muito menos honra, pois foram os paraguaios quem ditaram o ritmo de jogo no Nuevo Gasometro. Prova disso foi a atuação destacada do Hilário Navarro.

E se não bastasse a derrota ter vindo de um gol contra ou o fato de que somam apenas 3 pontos em 4 jogos, o Ciclon ainda lamenta os vários desfalques que não querem parar. Aureliano e Juan Manuel Torres aumentaram a lista do DM que já contava com Orion, Tula, Solari, Romeo, Silvera e o importantissimo 10, Barrientos.

Salvo a classificação garantida do Boca, é cedo para prever o pior para o país na maior competição das Américas. Mas por ser recorrente o fato de que os xeneizes estão brilhando mais forte em solo americano, será que esse ano serão os únicos sobreviventes da até agora trágica primeira fase? Para o bem da nossa tradição continental, espero que não.

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