Com os mesmos problemas...

05/10/2008 21:24

A alviceleste do futsal usa o mesmo uniforme do time do campo, carrega as mesmas estrelas douradas acima do brasão e representa o mesmo povo fanático, natural que carregue os mesmos defeitos do time bicampeão mundial, não?

No primeiro tempo o técnico (cujo nome vou ficar devendo) utilizou pouco o principal jogador e armador do time, o camisa 10 Gimenez. De modo que o time argentino tinha então duas identidades: a primeira com Gimenez era de um time ofensivo, que tinha paciencia com a posse de bola pra saber qual o melhor momento de se arriscar nos chutes a gol, e que sempre levavam perigo ao gol ucraniano; a segunda, sem Gimenez, era de um time retraído, que sequer marcava a saída de bola dos adversários, e portanto sempre os via com o dominio da bola e das ações no ataque.

Porém apesar do pessoal do leste europeu ter jogado melhor o primeiro tempo, a mira deles estava horrível. Tanto que chegaram a acertar uma câmera de segurança. Sorte que não tinha ninguem ali perto, porque ela caiu chapada no chão, perda total que vai aí na conta do time deles...

Eis ai então o primeiro defeito compartilhado das seleções argentinas: a dependência de um "enganche" para armar as jogadas e ditar o ritmo de jogo. Era um time muito diferente daquele vibrante que ganhou de China e Egito.

No segundo tempo o nosso Diez do salão até esteve por mais tempo em quadra, mas não chamou a responsabilidade para si e acabou escondido em quadra. Denovo os ucranianos tinham as melhores chances de abrir o placar, mas a postura alviceleste mudou quando a Argentina abriu o placar no gol de Planas, após bela jogada de contra-ataque...

O segundo gol então parecia questão de tempo. Várias chances de gol desperdiçadas, e nenhuma reação firme do time da Ucrânia. Só que antes que a Argentina pudesse abrir vantagem e matar o jogo, nos assola mais um dos defeitos crônicos do nosso futebol: os erros da defesa...

Passados 18 minutos, a zaga perde a bola por brincar no meio-campo, e no contra-golpe rápido, Ivanov empata a partida. A torcida brasileira que até então era tímida se torna descaradamente ucraniana.

Para tentar recuperar a vantagem "caguetada", o goleiro Elias entra em quadra pra tentar ajudar no ataque? Mas peraí, goleiro ajudando no ataque? Alguem tinha que contar pra ele que isso não dá certo. Infelizmente ninguem fez isso, e numa bola perdida pelo próprio arquero calhorda, um chute da área de defesa adversária cai dentro das redes vazias. 2x1...

Tudo parecia se encaminhar para um final trágico, até que num último contra-ataque, faltando 30 segundos pro final, Giustozzi aproveita a bola rebatida e faz o empate que mais vibrei vendo ao vivo em toda a minha vida...

Sobre aquilo que presenciei nesse mundial até agora...

Nossa hinchada hoje foi bem maior e mais vibrante que no jogo contra China e Egito. Os cantos foram mais frequentes, e fizeram o Nilson Nelson se parecer um pouco com o Monumental de Nuñez em dia de jogo da seleção de campo.

E particularmente tenho que dizer que fizemos um sucesso que eu nao esperava. O pessoal da superior ao invés de nos zoarem, estavam nos pedindo telefones, "arroizando" mesmo. Só na hora em que a Ucrânia esteve em vantagem que não teve jeito, o ginásio inteiro entrou na onda e começou até a ensaiar uma vaia aos argentinos em quadra. Porém a verdadeira torcida do leste europeu merece parabéns também, pois gritaram e alentaram o time até mais do que nós argentinos. Além deles, os russos, os chineses, os japoneses e vários outros também fizeram e estão fazendo uma festa bonita.

Me atrevo a dizer que é uma prévia, em menor escala, da outra Copa do Mundo, de 2014. Taí então mais uma similaridade do campo com o Futsal...

 

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