Conhecendo o adversário

10/08/2009 21:55

Sabe em que esporte a Estônia é boa? Carregamento de esposas. Não é piada. O país venceu 11 dos 13 campeonatos mundiais. Além disso, o casal estoniano formado por Madis Uusorg e Inga Klauso é o recordista em tempo (55.5 segundos na pista de 253.5 metros em 2000) e em títulos (seis). O país é uma referência tamanha que existe um estilo de se carregar a moça chamado “estilo estoniano”, em que a carregada, postada de ponta-cabeça, abraça o pescoço do carregador com as pernas e se agarra na cintura dele. Veja você. Mas vamos jogar futebol contra eles. E a Estônia está para futebol assim como eu estou para as Grandes Navegações.

 

Estônia, aparentemente.

 

Atualmente, a Estônia ocupa o retumbante 112º lugar no ranking da FIFA, entre as potências Suriname e Granada. Nunca disputou uma Copa do Mundo. Nas eliminatórias europeias para a 2010, a seleção estoniana está na quinta posição do grupo 5, à frente apenas da traiçoeira Armênia com uma vitória, dois empates e três derrotas, cinco gols marcados e 15 sofridos. Pode alcançar, no máximo, a repescagem, e isso se vencer todos os seus próximos quatro compromissos.

 

Em matéria de retrospecto recente, pode-se dizer que a Estônia é bem bipolar. Em sua última partida, um amistoso, empatou em 0-0 com Portugal em Tallin, um resultado bacana. Aliás, os “Camisas Azuis” estão invictos em sua capital há seis jogos, marca que teve início em outubro de 2008, em uma igualdade sem gols contra a Turquia. Por outro lado, a seleção acumula reveses contra Gales, Casaquistão (jogando em casa, em Antalya) e Bósnia, este último simplesmente por 7-0 (!).

 

A convocação do técnico Tarmo Ruutli para o jogo contra o Brasil não é promessa de grandes sustos. Dos três grandes astros do futebol estoniano recente, dois acabaram de se aposentar e o terceiro não foi chamado. O meia Martin Reim, jogador que mais atuou pela seleção de seu país (157 jogos), deixou os gramados em junho, num amistoso contra Guiné Equatorial. O goleiro Mart Poom, 120 aparições, fez sua última partida justamente contra Portugal. Ele é mais notório do que seus outros compatriotas: já defendeu Portsmouth, Sunderland e Arsenal. Por fim, Andres Oper, atacante de 31 anos do Shanghai Shenhua, é o maior artilheiro da história da seleção estoniana (35 gols) e considerado o melhor jogador que o país já produziu. Porém, não foi convocado para o amistoso contra a Amarelinha.

 

Uma olhada na lista de vinte jogadores diz muito pouca coisa sobre o elenco que o Brasil enfrentará na quarta-feira. Cinco deles jogam na Noruega, quatro na própria Estônia, dois na Suécia e o resto atua em países diferentes. Os nomes que mais se destacam são Ragnar Klavan, lateral-esquerdo de 23 anos do atual campeão holandês AZ, e Kristen Viikmae, atacante de 30 anos do clube sueco Sodra IF e que detém a marca de maior número de jogos e gols pela seleção no grupo convocado (111 jogos, 15 gols).

 

A Estônia tem colhido bons frutos quando joga no 4-3-3, como o empate sem gols com Portugal e a vitória por 2-0 sobre o Canadá, último triunfo por mais de um gol de diferença. Uma análise das escalações desses dois jogos leva a crer que a espinha dorsal é formada pelo zagueiro Barengrub, o lateral-direito Jaager, o lateral-esquerdo Klavan (que também atua como meia), o volante Dmitrijev, o meia Vassilijev e os atacantes Purje e Kink. Se o esquema for mantido (não sei se o técnico ousaria tanto contra o Brasil, mas se o fez contra Portugal...), eu arriscaria um onze com Pareiko (Londak); Jaager, Piiroja (Rahn), Barengrub, Klavan (Kruglov); Vassilijev, Dmitrijev, Vunk (Klavan); Purje, Kink, Zenjov (Viikmae ou Voskoboinikov).

 

Bem, aí está. Fiquemos de olho nesse clássico do futebol mundial.

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