Copa das Confederações - Olhares

17/06/2009 19:11

Algumas impressões do Grupo A da Copa das Cornetas, digo, das Confederações. Escrevo sobre o Grupo B assim que puder assistir a jogos de Itália e Estados Unidos.

África do Sul

Definitivamente não é uma equipe de primeira categoria. A bem da verdade, não é sequer uma equipe de segunda categoria, e é bom torcerem para que o Grupo A da Copa do Mundo abrigue no máximo uma grande seleção, desde que as outras duas sejam inexpressivas. Os Bafana Bafana têm, principalmente, deficiências agudas na conclusão, e a maioria de seus jogadores não saberiam o que fazer com a bola nem se ela fosse movida a inteligência artificial. Joel Santana tem escolhas questionáveis, como a dupla de atacantes Parker e Fanteni, mas, em geral, o time é taticamente aceitável. Os poucos momentos de brilho, porém, partem de iniciativas individuais e são rapidamente frustrados pela mediocridade do coletivo.

Destaques

Steven Pienaar, inexplicavelmente deixado na reserva no jogo de estreia, já deu as caras arrumando as jogadas dos dois gols contra a Nova Zelândia e provou ser o grande nome sul-africano. Outros jogadores dignos de nota são o zagueiro e capitão Mokoena, o armador Sibaya e o meia Modise.

 

Espanha

Não era necessário trazer o contingente principal da Fúria para a Copa das Confederações. O time espanhol já joga como se fosse um grupo formado há dez anos, entrosamento não é um problema. Mesmo assim, Vicente del Bosque optou pela força máxima e já garantiu a classificação antecipada à segunda fase, mesmo sem peças como Marcos Senna, Iniesta e David Silva (este último deixado no banco por opção). O futebol jogado pelos espanhóis é nada menos do que brilhante, e mesmo times brilhantes têm atuações contestáveis, como foi o caso da partida contra o Iraque. Isso não deve assustar ninguém. A Espanha é a melhor seleção do mundo hoje, franca favorita ao título pouco representativo da competição e madrinha de um dos raros casamentos entre estética e eficiência no futebol de hoje.

Destaques

Vou me ater aqui àqueles jogadores que estão mostrando mais serviço na Copa das Confederações propriamente dita. Destaco os laterais Sergio Ramos e Capdevilla, um par seguro, resistente e perigoso, e o inominável Xavi, que exibe incansavelmente uma técnica sobre-humana e um controle de jogo fenomenal. Sem esquecer de Fernando Torres, já artilheiro do torneio.


 

Iraque

Campeões da Ásia em 2007 sob o comando do brasileiro Jorvan Vieira, os iraquianos vão fazendo de mansinho um nome no futebol mundial. “Eliminados” prematuramente do torneio por qualquer um que olhasse a tabela, os Leões da Mesopotâmia, agora treinados pelo interminável Bora Milutinovic, têm mostrado uma capacidade defensiva sem igual. Tudo bem que botando nove atrás qualquer um se defende bem, mas, mais do que isso, o que impressiona é a tranquilidade da retaguarda iraquiana, que raramente apela para chutões, toca a bola com paciência e segurança à espera do momento certo para liberar o contra-ataque, marca bem e é dona de um belo senso de posicionamento. A derrota para a Espanha não foi nenhum prejuízo, e a classificação ainda pode vir.

Destaques

Como não poderia deixar de ser, a principal figura do Iraque até aqui tem sido um jogador de defesa: o encorpado goleiro Kassid, que mostra agilidade impressionante para sua forma de barril. Os meias externos Saeed e Hawad e o volante Nashat também demonstraram virtudes.


 

Nova Zelândia

O melhor que se pode dizer sobre a seleção da Nova Zelândia é que seus jogadores aguentam o fôlego por 90 minutos. É difícil dizer qualquer coisa de um time que não joga. Os neozelandeses tiveram, respectivamente, 41% e 43% de posse de bola em seus primeiros dois jogos, e a grande maioria dessas porcentagens foi gasta recuando a pelota até o goleiro e depois rifando-a para a zaga adversária e entregando a iniciativa, o que é uma estratégia arriscada quando sua defesa parece não ser familiar com conceitos como a regra do impedimento. Composto majoritariamente por jogadores que atuam na fraca liga local, o elenco dos All Whites já dá esperanças a Bahrein e Arábia Saudita, candidatos à vaga no play-off AFC-OFC das eliminatórias da Copa de 2010.

Destaques

O técnico Ricki Herbert, por ainda não ter recorrido a um tiro de espingarda no próprio céu da boca.

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