Crônicas de mortes anunciadas

24/04/2009 16:03

Desde o final do Apertura passado se criou a expectativa temorosa pela campanha do River Plate nessa Libertadores. Todos sabiam que nada ou pouco fosse mudado, a eliminação seria precoce. E não deu outra, afinal os mesmos erros que levaram a trágica lanterna foram repetidos, levando ao inevitável fracasso decretado no 4x2 contra o Nacional paraguaio.

Mas antes disso, duas horas antes pra ser exato, outra previsão de derrota se cumpriu. Essa, no entanto, bem menos impactante.

A combinação "Boca + altitude + 1ª fase = derrota" é uma verdade há 3 anos seguidos. Só que, curiosamente, a derrota de ontem para o Deportivo Cuenca foi o único jogo nesse período de tempo em que eu parabenizo o técnico apesar da derrota. Carlos Ischia não mudou a formação tática da equipe, era o mesmo 4-3-1-2 de sempre, mas pediu que seus jogadores mudassem sua postura devido a altitude equatoriana. E mesmo jogando de forma mais defensiva do que o habitual, conseguiram ser superiores na primeira etapa, ainda que só atacassem quando Gaitan e Mouche avançavam a toda velocidade.

E o segundo tempo? Bom, ficou ainda pior pra que gosta do futebol bem-jogado (como eu), porém o objetivo de não perder estava sendo alcançado. Até que entrou o jovem atacante Edson Preciado, que trouxe velocidade e o gol para o Cuenca numa falha de marcação de Roncaglia e Krupoviesa. Foi o gol de despedida do Boca as chances de ficar com a primeira colocação geral, mas a classificação está garantida. E duas horas depois, a felicidade da torcida xeneize também seria confirmada.

Parecia difícil se olhasse pelo viés objetivo, já que o River Plate precisava vencer os dois jogos que faltavam, sendo o primeiro longe de Nuñez. Mas o Nacional do Paraguai não tinha sequer ameaçado nenhum dos adversários do grupo, porque dificultaria logo no momento em que já estava desclassificado?

E a primeira metade do jogo no Defensores del Chaco fazia parecer que o jogo caminharia nesse sentido. O domínio de volume do River em seu 3-4-1-2 era tão flagrante que a torcida que se fez mais barulhenta no Paraguai foi a visitante. Verdade que as chances de gol não eram abundantes, mas pelo fato dos millonários terem um elenco melhor, se acreditava que a vitória viria em algum momento. Eis que veio o primeiro gol na penalidade convertida por Falcão Garcia e ali os animos se acalmaram. Felicidade que durou apenas 3 minutos...

Ainda no primeiro tempo, penal a favor dos anfitriões, gol de Escobar para levar o empate aos vestiários. Na volta, a velha defesa desorganizada que todos conhecem fez o domínio da partida e dos nervos mudar de lado. Buonanotte e sua infantilidade que o digam, foi expulso numa jogada desnecessariamente violenta e quebrou o ritmo de um time que tentava a reação, quase alcançada não fosse a ineficiência de Fabbiani.

Dali em diante foi só assistir os contraataques do Nacional se converterem em gols. Nuñez (num golaço) aos 20, Peralta aos 28 e denovo Nuñez (nome emblemático) aos 33. Nem mesmo o tiro livre de Gallardo, que no Superclásico trouxe alegria, pode salvar o River da vergonha de ouvir o "se vayan todos" de sua própria hinchada.

O técnico, Pipo Gorosito, foi preciso ao justificar que seu time não encarou a partida como uma final. Todavia a eliminação de sua equipe começava muito antes, antes até de sua própria contratação. Se até o mais cegamente apaixonado dos torcedores millonários podia ver que a falha de sua equipe era o setor defensivo, porque os esforços de Jose Maria Aguilar e cia. se resumiram a trazer Fabbiani, que até hoje nao disse a que veio? Ah, sim, Gallardo também veio, mas acreditaram mesmo que só o veterano Muñeco resolveria o problema de criação das jogadas do River?

Enquanto os homens fortes de Nuñez não encontrarem respostas pras questões que levantei, o torcedor seguirá pagando o pato. E que a equipe do Pato Abbondanzieri não se alegre tanto com a tristeza do rival, pois também possui erros a serem corrigidos até que faça alguem acreditar que possa disputar o título. Título esse que cada dia mais se distancia das terras porteñas.

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