Mentalidade mineira e moderna no Rio

26/02/2009 22:04

Assim como na final da Taça Rio do ano passado, o Botafogo vence o rival Fluminense pela contagem mínima. Mas tanto em relação ao time de 2008 quanto ao time de 2007, pode-se dizer que hoje a equipe da estrela solitária é completamente outra. Não me refiro só ao técnico e ao elenco. Digo que hoje a essência do jogo botafoguense mudou.

Foi uma semifinal de boa qualidade. Um jogo com emoções, como mereciam os torcedores cariocas numa Quarta de Cinzas. Por mais que se insista no jargão "Clássico não tem favorito", as campanhas de ambos os times claramente apontavam vantagem para o Botafogo. E de fato foram os alvinegros que ditaram o ritmo do primeiro tempo. O gol de cabeça de Fahel, ex-Goias, veio por méritos de uma equipe que muito tentou mas sempre parava nas boas defesas de Fernando Henrique.

Mas no segundo tempo a postura dos comandados de Ney Franco era outra. Preferiram a arriscada marcação na própria zona de defesa a buscar mais um gol que pudesse dar mais garantia à classificação. Uma estratégia que não é vista com bons olhos pelos críticos e pelos fãs do bom futebol, mas foi inegável a qualidade da defesa do Botafogo. Ainda que o Flu conseguisse chegar com perigo em algumas ocasiões, em várias outras o forte ataque tricolor (ao menos no papel) foi anulado pelo sistema defensivo botafoguense.

Ney Franco após o jogo explicou que era necessária a precaução com os muitos talentos do Flu, tais como Thiago Neves, Conca e Leandro. Mas não pude deixar de notar que o Botafogo que vi ontem tinha uma mentalidade diferente dos times que fracassaram sob o comando de Cuca.

2007 foi o auge de um Botafogo que tinha se recuperado completamente da queda para a série B. Era uma equipe com bons valores individuais tais como Zé Roberto, Jorge Henrique, Lucio Flávio, Juninho, Joilson e o próprio Diguinho, que ontem defendia as cores do rival no clássico vovô. E encantava tanto a torcida quanto a crítica com seu jogo ofensivo. Sempre buscando mais gols, que aliás eram belos quando saiam dos pés de Dodô. Sem contar que o toque de bola era diferenciado sobre o comando do camisa 10, Lúcio Flávio.

Porém esse "carrossel alvinegro", como era apelidado pelos torcedores, não foi capaz de trazer títulos para General Severiano. Perdeu, ainda que com um erro de arbitragem no final, para o Fla na final do Carioca. Foi eliminado, denovo com erros, para o Figueirense na semifinal da Copa do Brasil. No brasileiro começou muito bem mas nao soube se manter na zona de classificação para a Libertadores. E o maior vexame: a derrota em Nuñez para o River Plate sendo que, em determinado momento do jogo, tinha 3 gols e 1 jogador de vantagem para o adversário.

Em 2008 a filosofia era a mesma, porém com um elenco enfraquecido. De maneira que os resultados de Cuca não mudaram: mais fracassos na final do Carioca e na semifinal da Copa do Brasil, porém sem direito a reclamar do arbitro no final. E antes que o resultado pudesse se repetir no Brasileirão, Cuca foi demitido.

Não digo que prefiro o Botafogo de ontem ao do futebol bonito de 2007. Ao contrário, pois como um quase botafoguense, ontem foi a primeira vez que torci pro meu time de simpatia perder a partida. Só que da mesma forma que disse no post de parabéns ao Hexa são-paulino, repito que é esse futebol "moderno" que tem mais chance de resultar em volta olímpica no final. Não que eu ache que os jogos contra o Resende já estejam ganhos, mas dessa vez posso enxergar um Botafogo muito mais humilde e consciente do que é mais importante dentro de campo.

E mesmo não tendo os valores de 2007, confio que "o Glorioso" possa enfim ter os resultados que sua torcida tanto anseia com os esforços de Maicosuel, Leandro Guerreiro, Reinaldo e Vitor Simões. Tanto a nível estadual quanto nacional.

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