Ninguém sai feliz do Superclásico

19/04/2009 18:17

"O Boca não perde Superclásicos na Bombonera". "É um jogo em que o individual conta mais que a tática". "Tiro livre de Gallardo contra Abbondanzieri é certeza de gol". São algumas das máximas que me acostumei a ouvir desde que me entendo por xeneize quando o assunto é Boca x River. E curiosamente todas elas se confirmaram no 1x1 desse domingo na famosa e temida caixa de bombons de La Boca.

Durante a semana houve um temor dos dois lados quanto a baixas nas escalações titulares, mas no fim das contas só o Boca Juniors entrou desfalcado de Riquelme, enquanto Falcão Garcia era presença confirmada ao lado do Ogro Fabbiani.

E sempre que o astro maior do Boca se machuca, uma pergunta surge no ar: Roman fez falta? Sim, de um ponto de vista teórico, pois os xeneizes tiveram um leve domínio de volume de jogo mas faltou um enganche com as caracteristicas do 10 para que mais chances de perigo fossem criadas. Do ponto de vista prático, Gaitan deu muito mais velocidade ao time, tanto que a usou pra executar a melhor oportunidade de gol aos 7 do primeiro tempo, oportunidade essa que parou no excelente goleiro Vega.

Mas há de se ressaltar também que a defesa do River também foi responsável pela ineficiencia do ataque auriazul. Sanchez e Cabral esqueceram totalmente o vexame da última partida contra o Gimnasia e foram absolutos para frear o impetuo de Gaitan e Palacio. Quanto a Palermo, esse pouco buscou jogo, e quando poderia receber as bolas nos cruzamentos pra área, era sempre frustrado por Vega. Como o ataque pesado do River sequer ameaçou Pato Abbondanzieri, a primeira metade do Super terminou em 0x0.

A segunda etapa parecia se encaminhar nesse mesmo roteiro, mas aos 15 entrou em cena uma das máximas citadas acima: "As individualidades fazem mais a diferença do que a tática". Pois essa individualidade vestirá a camisa alviceleste da seleção depois de 10 anos. Martin Palermo arriscou de longe e sua perna esquerda artilheira não o decepcionou. 1x0.

Eis que entra em ação o salvador Pipo Gorosito com sua alterações cirurgicas. No lugar dos apagados Fabbiani e Bou entraram Rosales e Buonanotte numa injeção de velocidade que imediatamente traz resultados. O River fica ousado a ponto de fazer o Boca violar uma regra que eles mesmo se impuseram: a de não fazer faltas na entrada da área.

Por que? Pois "Tiro livre de Gallardo contra Abbondanzieri é certeza de gol". Eles que são desafetos desde 2004 e hoje inclusive só se cumprimentaram por obrigação de protocolo. De maneira que agora, El Pato tem uma razão a mais para odiar El Muñeco. Cobrança de falta perfeita, tudo igual no placar.

Chega então a vez do Pelado Ischia reagir com as suas substituições. Só que as dele foram completamente opostas em tudo quando relacionadas as do técnico rival. Sairam os melhores em campo, Gaitan e Palacio, pra entrada de Gracian e Mouche. Ambos estavam na reserva justamente por suas fracas exibições nesse Clausura, então naturalmente essas alterações cortaram qualquer possibilidade de reação dos donos da casa. Verdade que até o apito final do árbitro Gustavo Bassi foi o River Plate quem mais se aproximou do 2° gol, mas se aproximou sem fugir da realidade de um Super sem brilho. Sem brilho e sem vencedor.

Ambas as partes saem infelizes da Bombonera por se distanciarem cada vez mais da briga pelo título. O Boca ainda tem como consolação sua boa campanha na Libertadores, mas o River terá que repensar muita coisa pra não cair como Lanus e San Lorenzo.

Mas ainda que o nível técnico tenha deixado a desejar, as emoções de um Superclásico são intocáveis. Cada gol hoje teve para os hinchas xeneizes e millonários o mesmo sabor que terá o título nacional para o Velez (caso confirme seu favoritismo). Só que a última máxima ainda deixa para o Boca Juniors um prêmio de consolação: uma máxima que diz que "o Boca não perde Superclásicos na Bombonera".

Boca Juniors: Abbondanzieri; Ibarra, Cáceres, Forlin e Morel Rodriguez; Battaglia, Vargas, Chavez (Krupoviesa) e Gaitan (Gracián); Palacio (Mouche) e Palermo. Técnico: Carlos Ischia

River Plate: Vega; Ferrari, Cabral, Sanchez e Villagra; Ahumada, Bou (Buonanotte), Domingo e Gallardo (Abelairas); Falcão e Fabbiani (Rosales). Técnico: Nestor Gorosito

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