Um Superclásico tentando se impor

24/10/2009 21:08

O jogo regido pela emoção, cada dia mais distante da razão. Capaz de congelar a atenção da Argentina. Um duelo que vale mais do que qualquer Copa. Todas são belas definições para o Superclásico, mas se prender só a elas é fugir da realidade, que diz que Boca Juniors e River Plate podem até mexer com o sentimento dos hinchas, mas irão mesmo buscar a auto-afirmação amanhã, em Nuñez.

Algo que, para os Xeneizes, está bem mais próximo no caso de triunfar em terras inimigas. Chega com moral de vencer os três últimos jogos, contando com belas atuações dos homens de frente: Roman, Gaitan e Palermo. Definitivamente uma calmaria para Coco Basile, técnico que chegou a deixar seu cargo a disposição.

Do lado Millonário, apenas uma vitória em nove partidas, exatamente do mesmo jeito que no ano passado. Ignorar essa má campanha do elenco do River não seria sábio, mas há de se admitir que o jeito de jogar do time mudou após a entrada de Leo Astrada. Ainda não venceu, porém, nada mal se a primeira glória fosse num Super.

Para tentar descobrir o destino do 324º duelo entre River x Boca, uma análise tática.

River Plate: Vega; Ferrari, Cabral, Sánchez e Villagra; Almeyda, Domingo, Abelairas e Gallardo; Ortega e Buonanotte.

Boca Juniors: Abbondanzieri; Ibarra, Cáceres, Paletta e Monzón; Battaglia (Medel), Rosada, Federico Insúa e Riquelme; Nicolás Gaitán e Palermo.

O time de Astrada mostra suas diferenças já na escalação. Decidiu por jogar sem uma referência de área, já que Fabbiani não mostrou até hoje a que veio. Além disso, se fortaleceu consideravelmente na defesa de forma incrível, pois ninguém achou que o ex-atleta Almeyda fosse ajudar tanto na segurança da zaga Millonária.

Quanto aos 11 de Basile, ele tenta criar uma escalação "de memória" desde a pré-temporada. Contudo, sofre com o problema das lesões, que incomodam Riquelme e Battaglia e deixaram Morel e Mouche fora de combate. Desde a saída de Forlin para o Espanyol, a zaga vem sofrendo com erros de segurança e lentidão para enfrentar contra-ataques, mas o ataque vai bem, aproveitando boa fase de Riquelme e Palermo.

Ainda assim, não seria espantoso se o ataque do River tiver o melhor aproveitamento. Ele é composto de atacantes rápidos e criativos, batendo de frente no ponto fraco Xeneize. É claro que Roman, El Loco e Gaitán são melhores tecnicamente, e enfrentam uma dupla de zaga que ainda é falha, mas são mais inconstantes do que Ortega, Buonanotte e Gallardo, esse último especialista em clássicos.

Na guerra do meio-campo, entretanto, a vantagem tende a ser do Boca. Domingo, Almeyda e Abelairas devem tentar parar Riquelme numa marcação por zona. Só que mesmo obtendo sucesso, Basile ainda contará com Insúa e Battaglia para dar apoio, além dos descidas de Gaitán e das subidas de Monzón, enquanto os meias de Nuñez não contam com a mesma força para atacar.

Em suma, apesar do bom momento do Boca Juniors, creio que o resultado mais provável no estádio do River Plate será o empate.

Contudo, estes são os aspectos da razão falando num jogo que, indiscutívelmente, também anda lado a lado com a emoção.

Posso citar Astrada, quando disse que "mesmo com Boca e River longe da ponta, será um clássico jogado na mesma intensidade de sempre". Ou também Basile, comentando que "esses clássicos são distintos de tudo". Mas prefiro destacar Iarley, protagonista do Super do Apertura 2003.

"Cada dividida, cada carrinho, cada jogada é disputada como se fosse a última da carreira, já que todos sentem a cobrança e a pressão passada pelo torcedor nas arquibancadas". Então que venha o Superclásico!

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