O último obstáculo

25/05/2009 18:19

O caminho lógico dessa Libertadores tende a terras brasileiras. Isso fica claro quando se analisa os elencos de Palmeiras, Cruzeiro, São Paulo e Grêmio, além do momento deles ser bastante positivo. Mas existe um lutador derradeiro, o último dos moicanos que pode impedir o 14º título da história do Brasil. Esse guerreiro chama-se Estudiantes de La Plata.

Um soldado que veio a guerra desacreditado por ter perdido a primeira batalha de forma avassaladora. Caiu diante da Raposa no Mineirão por 3x0, numa partida em que Veron mal viu a cor da pelota. Na sequencia conseguiu a vitória em casa, mas de forma tão insípida que não dava para a hinchada pincha se animar. De fato faltava coração ao soldado platense. E esse diferencial precisou vir de forma drástica: após a demissão de Leonardo Astrada, um dia depois da derrota para o Deportivo Quito.

O contratado foi Alejandro Sabella. Graças a ele, a reação começa numa espécie de "Round 2" contra os equatorianos. Um belo K.O. de 4x0 com show de Mauro Boselli, que naquela noite fez 3 gols. E para mostrar ao mundo a seriedade desse renascimento, os Pinchas se vingaram do Cruzeiro com mais um 4x0. Dessa vez o maestro do espetáculo foi Veron, num dia em que, segundo Adilson Batista, nada deu certo para os azuis de BH. Daí foi só jogar um futebol burocrático na altitude de Sucre para ganhar um pontinho no último jogo e a classificação. O adversário era o Libertad-PAR.

E os paraguaios chegavam com a banca de terem goleado o San Lorenzo na fase de grupos. Não que o Estudiantes tivesse a intenção de vingar seu compatriota, mas acabou o fazendo em mais uma grande noite de Veron e Boselli num 3x0 sensacional. Com tamanha vantagem e sem ter tomado gols em La Plata, bastou segurar o 0x0 para seguir às quartas-de-final, aonde certamente esperavam enfrentar o Boca, apesar de não reclamarem nem um pouquinho por terem o Defensor pela frente.

Mas por que o Estudiantes? O que ele tem de especial que Nacional, Caracas e o próprio adversário deles, o Defensor Sporting, não têm?

Os pinchas têm um time que não perde há 14 jogos.

Têm uma defesa de respeito com Cellay, Desabato (ele mesmo), German Ré e Angeleri, zagueiro de seleção argentina (ainda que hoje isso não signifique muito).

Têm um meio-campo com Juan Sebastián Verón em boa fase e motivado. E se isso não basta, Benitez e Braña lá estão para ajudar na criatividade e na marcação. E recentemente ainda contam com o momento artilheiro do meia-direita Enzo Pérez.

Têm o ataque de Salgueiro e Boselli. E o ex-Boca já provou para quem quis ver, na hora certa ele é artilheiro.

Têm a força do estádio "único", o Ciudad de La Plata, aonde nessa Libertadores nem mesmo sofreram gols.

E o mais importante: eles têm Alejandro Sabella. Um técnico que chegou sem badalação nem experiência. No entanto, graças a seus resultados, já se posiciona com moral entre os grandes treinadores da atualidade argentina.

Sabella chegou a essa reviravolta por mostrar ao Estudiantes a força do futebol "moderno". Fez com que os Pinchas aprendessem a importância de marcar bem e tocar a bola com frieza antes de se lançar ao ataque. E depois dessa mudança de filosofia, conseguiram não só os bons resultados na Libertadores, mas também pegaram o elevador no Clausura, saindo da vice-lanterna deixada por Astrada para a atual quinta posição. Para chegar nesse posto, seguraram o futebol bonito do Huracan, e bateram com autoridade em Independiente e até no líder Lanús.

É um erro acreditar na classificação antecipada do Estudiantes, mesmo com todos os resultados já mostrados à América. O Defensor já provou ao Boca que não tem medo de tradição. Mas é inegável o favoritismo dos platenses. Por isso, torna-se vital para os brasileiros que começem a "estudar o Estudiantes", pois esse guerreiro argentino vai lutar firme contra o exército verde-amarelo para conquistar a quarta volta olímpica de sua história.

Voltar

Comentários

Nenhum comentário foi encontrado.