Tristeza e incerteza

22/05/2009 18:36

A eliminação do Boca Juniors na Libertadores era uma certeza que não se escondia nem mesmo àqueles que se negavam a ver. Ela viria sustentada pelo fraco nível de futebol apresentado por um time, apesar de que ainda era temido no resto do continente por alguma razão. Mas ninguem esperava que acontecesse da forma que foi: na Bombonera, nas oitavas-de-final e jogando com qualidade e disposição nunca antes mostradas nesse ano.

Ao menos na noite desta quinta, os xeneizes lembravam os bons jogos da Libertadores dos velhos tempos. Quando o time demandava respeito por pressionar os adversários recuados em seu campo de defesa. Verdade que a qualidade dessa pressão nem de longe lembrava a de tempos atrás, mas ainda sim parecia suficiente.

Eis que a maldita imprevisibildade do futebol surge a favor dos uruguaios. Diego de Souza aproveitou falha do jovem Forlin e fuzilou Pato. Foi o estopim do desespero xeneize. A pressão saiu do campo técnico para ser abastecida pela emoção, deixando assim vários espaços para o Defensor matar o jogo. Seja com Palermo, ou com Palacio, ou Figueroa, Gaitan, Gracian ou Roncaglia, a bola não estava disposta a entrar. Era o sonho do hepta morrendo antes das traves da própria Bombonera, palco que nunca viu um clube uruguaio triunfar, e teve 6 anos de falta de costume de ver sua torcida chorar numa Libertadores. 1x0, e o Defensor avança fazendo jus ao nome, mas de forma justa e merecida.

Surpresa, sim, pela fase em que os xeneizes saíram, mas bastava ver os jogos em 2009 para que qualquer sonho se transformasse em ilusão.

O ataque era irregular. Era comum assistir a grandes atuações goleadoras de Figueroa, Palermo e Palacio, e no dia seguinte era como se o pé deles entortasse e ficasse incapaz de marcar.

O meio-campo não tinha criatividade. Desde a saída de Datólo que se percebeu uma queda brusca na qualidade desse setor, pois Gaitan infelizmente não o substituiu a altura por não ser acostumado à posição. Roman enfim alcançou a regularidade, mas no sentido de dificilmente jogar o que se espera do 10 do time. Battaglia e Vargas faziam com que a marcação fosse muito forte, mas, assim como o resto de seus companheiros, tinham dificuldade na saída para o ataque.

A defesa era a exceção. Forlin e Cáceres fizeram uma dupla de zaga com uma baixa margem de erros que há tempos não se via treinando em Casa Amarilla. Irônicamente, o jovem Forlin foi um dos grandes responsaveis pela derrota final, mas seria injusto apontá-lo como vilão por isso.

Mas todas as falhas de todos os jogadores juntos não se equiparam em culpa às falhas do controverso Carlos Ischia. Foi inseguro nas inúmeras mudanças que tentou implementar no time, fazendo com que o Boca não tivesse identidade tática. Insistia em Gracian como substituto de Riquelme. Preferiu vender Dátolo ao invés de Noir, que acabou encostado na reserva. Sem falar na mancada de barrar Caranta numa novela que dava dó de assistir.

E a falha suprema: desprezar a sorte do grupo fácil na Libertadores, deixando o Clausura em segundo plano. Graças a isso, o time se encontra agora na 16ª colocação e sem torneio continental para consolar. E o risco de ficar de fora em 2010 já se torna realidade, não só pela baixa pontuação, mas pela perda de mais de 2,5 milhões de dólares depois da eliminação. Com um prejuízo assim, o desmanche do elenco fica difícil de evitar.

Ao menos hoje veio a primeira noticia para reacender a esperança. O presidente Jorge Ameal se reuniu com o manager Carlos Bianchi para conversar sobre a saída de Ischia. Ele seria o técnico contra o Velez nesse domingo, mas depois acertaria uma rescisão do contrato que dura até dezembro.

E essa é a realidade xeneize pós-eliminação: sobreviver em 2009, rezando de forma otimista para uma mudança num curto prazo, mas com olhos realistas já em 2010. Resta aos hinchas que sigam o lema de nunca abandonar a equipe, ainda que não se saiba o que virá pela frente.

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